A Tumba de Khnumhotep II

A tumba de Khnumhotep II se situa no sítio arqueológico de Beni Hassan, localizado próximo a cidade de El Minya.

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A tumba de Khnumhotep I em Beni Hassan

Khnumhotep I foi um nomarca do nomo de Órix, 16° território do Alto Egito, administrado por um chefe em nome do faraó.

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A tumba de Kethy I em Beni Hassan

Maat era, para o egípcio antigo, tanto um conceito quanto uma divindade e estava associada à verdade, ordem, justiça e equilíbrio.

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Egito curitibano: análise do prédio do Templo da Ordem Rosacruz – AMORC

Jeferson Fernando Nabosni Com seus grandes monumentos, a civilização egípcia vem despertando o interesse e a curiosidade de muitas pessoas seja em âmbito acadêmico ou informal. Define-se por egiptologia o ramo da ciência que estuda o Egito Antigo e por Egiptomania a reinterpretação ou o re-uso de traços da cultura egípcia, de maneira a dar-lhes novos significados. Através desta corrente, ao passearmos por Curitiba, podemos nos deparar com construções, nomes de lojas ou monumentos que remetem ao Egito Antigo. Neste artigo, vamos esmiuçar quais as apropriações dos elementos da arquitetura egípcia estão presentes no prédio do Templo da Ordem Rosacruz – Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa (GLP) – AMORC, em Curitiba, realizando um comparativo com o uso da arquitetura egípcia e seus significados. O Templo da AMORC-GLP fora construído no final da década de 1950. Seu estilo egípcio é uma homenagem dos rosacruzes à Antiga Civilização Egípcia, e ao fato de que a origem tradicional da Ordem Rosacruz – AMORC está nas escolas de mistério criadas à época do faraó Tothmés III e amplamente difundidas durante o reinado do faraó Akhenaton. Desse modo, a construção é composta por dois pilones em forma de trapézio, com dimensões monumentais encimados por uma cornija, acabamento curvo, que reproduzem um tradicional templo egípcio antigo, como por exemplo, o Templo dedicado a deusa Isis na ilha de Filae. Esses dois pavilhões, atualmente, abrigam o Templo Rosacruz, a Expedição, a Loja Rosacruz Curitiba e o Templo da Ordem Martinista. Ladeando ambos os lados da construção existem pares de colunas ao estilo Papiriforme. Acredita-se que sua origem remonta a observação dos antigos egípcios dos brotos jovens da planta papiro. Esta era o símbolo da renovação, pois no decorrer de sua existência nasce, cresce e morre, tal qual a vida humana. Os murais do lado esquerdo do prédio são feitos com mosaicos e representam cenas comuns em tumbas, neste caso uma apropriação dos painéis provenientes de uma tumba da 18ª dinastia (c.1340 a.C.), localizada em Luxor, pertencente a um egípcio chamado Menna. As cenas aludem à vida cotidiana, como a caça em um pântano de papiro e o trabalho no campo. O portal em meio às construções, conhecido por Portal de Akhenaton, traz uma série de representações em altos e baixos relevos, os hieróglifos presentes possuem caráter apenas decorativo, já as imagens podem ser interpretadas. Ao topo tem-se o disco solar alado ladeado por duas serpentes, cujo nome latino é uraeus. Logo abaixo uma cena de adoração, onde se vê claramente uma mesa de oferenda ao centro e acima, Aton, o deus-sol. A esquerda, o faraó Akhenaton ergue as mãos em sinal de adoração, da mesma forma, a direita, sua esposa Nefertiti seguida por suas filhas fazem o mesmo gesto. Os oito registros que ladeiam a entrada, aludem a cenas de adoração a alguns deuses, como Ptah e Hathor, musicistas tocando harpa e possíveis sacerdotisas complementam as cenas, ao fim, touceiras estilizadas de papiro arrematam o portal. Quem passeia pelo bosque Rosacruz em Curitiba, ao deparar-se com esta construção, sente-se um pouco no Antigo Egito. A utilização desses elementos egípcios neste e em outros prédios da Ordem Rosacruz – AMORC ecoam como uma manifestação de reverência ao passado onde, há milênios, as grandiosas construções permanecem em pé, contribuindo assim para a formação de uma imagem de mistério, um mundo visível carregado de simbologias que permeiam entre o mágico e o oculto no imaginário popular. Templo dedicado à deusa Isis localizado na ilha de Filae. Os pilones encimados com cornijas, o portal e a porta do templo em muito se assemelham ao prédio da Ordem Rosacruz – AMORC. Mural pintado na tumba de Menna, 18º dinastia (c.1340 a.C.). Inspirados neste painel e em outras cenas que compõem as paredes da tumba, mosaicos foram feitos na lateral esquerda do prédio. Colunas como esta, conhecidas por papiriforme, ladeiam o prédio. Por sua vez ao lado temos um broto de papiro, ao qual acredita-se ser a origem deste uso.

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Serapeum, o complexo funerário dedicado ao touro Ápis

Camila Czelusniaki– Monitora do Museu Egípcio e Rosacruz Tutankhamon O culto a animais sagrados no Egito Antigo remete desde o período pré-dinástico, em vista que se procurava adorar as forças ou potências divinas através de animais que simbolizavam as principais características, funções ou atributos dos deuses. O touro foi representado como animal sagrado em diversas civilizações da Antiguidade, com os egípcios antigos não foi diferente, em vista que vários de seus deuses são representados ou relacionados simbolicamente com a espécie bovina. Na Pedra Palermo, documento histórico do período pré-dinástico datado de 3100 a.c., há informações sobre o culto ao touro Apís, divindade relacionada a fertilidade, força, energia e virilidade. O Serapeum é um edifício dedicado ao culto do touro Apís e está localizado em Saqqara, a necrópole da antiga cidade de Menfís. Em Menfís acreditava-se que o touro Apís era a encarnação do deus Ptah, deus criador e patrono dos artesões. O animal que seria adorado como o deus, deveria apresentar uma lista de características que o identificaria, como por exemplo, ter uma pelagem preta, barriga e patas brancas e possuir uma mancha branca em formato de águia em seu dorso. O animal possuía tanta importância que após sua morte, havia um dia de luto nacional, ele também era mumificado e levado pelo caminho sagrado de Menfís até o Serapeum onde seria sepultado. O Serapeum foi descoberto em 1851 pelo arqueólogo Auguste Mariette, este se dirigiu em 1850 ao Egito com o objetivo de adquirir documentos coptas, siríaco, árabe e etíope para o Museu do Louvre, entretanto os monges negaram-se a vender. Desta forma, Mariette iniciou o processo de escavações em Saqqara, onde descobriu através de vestígios de esfinges, o Serapeum. Auguste Mariette em seu livro “La Serapeum de Memphis” relata que este local foi descrito pelo geografo Estrabão (século I d.C), o arqueólogo acreditava que este registro foi intencionalmente escrito para que 18 séculos mais tarde, o local pudesse ser encontrado. “’Encontra-se’, disse o geógrafo Estrabão (século I d.C.), ‘um templo de Serápis em um lugar tão arenoso que o vento amontoa as dunas de areia sob as quais vimos esfinges, algumas meio enterradas, outras enterradas até a cabeça, a partir do qual se pode supor que o caminho para este templo não poderia ser sem perigo se alguém fosse pego em uma tempestade de vento repentina’. Não parece que Estrabão escreveu esta frase para nos ajudar a redescobrir, depois de mais de dezoito séculos, o famoso templo dedicado a Serápis? Era impossível duvidar.” (MARIETTE 1882, pag.6). A primeira parte adentrada por Mariette e sua equipe, foi um pátio do templo, nesta escavação eles encontraram a estátua do escriba sentado datada 5°dinastia 2450-2325 a.C, ou 4°dinastia 2620-2500 a.C, esta estatua é considerada uma das mais famosas esculturas da história Egípcia. O caminho para a primeira galeria estava bloqueado por uma grande rocha, foram utilizados explosivos para acessar, abaixo desta rocha estava a múmia do filho de Ramsés II, príncipe Kaemuaset, este era sumo sacerdote de Ptah e administrador dos templos menfitas. Durante seu tempo como sumo sacerdote executou vários enterros do touro Apís no Serapeum. No ano 30 de Ramses II, Kaemuaset redesenhou o Serapeum, ele criou uma série de câmaras funerárias subterrâneas para o sepultamento de vários touros Apís. As câmaras funerárias possuíam inúmeras estelas dedicadas ao touro Apís com cenas iconográficas e escritas hieroglíficas. Os touros eram enterrados em sarcófagos de um único bloco de granito escuro ou quartzo amarelo, os quais medem 4 metros de altura e pesam entre 60 e 80 toneladas. Esta instalação possuía 24 sarcófagos, entretanto a maioria destes foram encontrados vazios, alguns contendo apenas ossos bovinos. Em 1852, ocorre a descoberta de uma galeria mais antiga conhecida como “grandes abobadas”, nesta os touros eram sepultados em sarcófagos de madeiras. No mesmo ano, Augusto Mariette descobre uma terceira série de sarcófagos, datadas do reinado do Faraó Amenofis III, da XVIII, até a XIX dinastia, nesta escavação encontraram dois caixões intactos do Apís VII e Apís IX, com estatuas shabtis, vasos canônicos e amuletos. O Serapeum continuou sendo utilizado até o período greco-romano. No final do século III d.C, com a ascensão do poder do imperador romano ocidental, Flavio Honório, o culto ao deus Apís foi banido.     Referências: DUNN, Jimmy. The Serapeum of Saqqara. Tour Egypt, disponivel em: http://www.touregypt.net/featurestories/serapeum.htm. Acesso: 20 de julho de 2022. STRINGFIXER. Khaemweset. Disponivel em: https://stringfixer.com/pt/Khaemwaset. Acesso: 21 de agosto de 2022 REDATOR, Fronteira da Paz. O Serapeum de Saqqara: Um Túnel Gigante de Luz?. 5 de agosto de 2021. Disponivel em: https://fronteiradapaz.com.br/site/2021/08/05/o-serapeum-de-saqqara-um-tunel-gigante-de-luz/. Acesso: 13 de agosto de 2022 MARIETTE, Auguste. Lá Serapeum de Menphis por Auguste Mariette-Pacha. 1822. BORISOV, Konstantin. The Serapeum of Saqqara. Alternative theory for the granite coffers. Disponivel em: https://www.academia.edu/download/57044374/Alternative_theory_for_the_granite_sarcophagus_ of_the_Serapeum_of_Saqqara_2.pdf. Julho de 2018. Acesso em: 26 de julho de 2022.

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A área de Kom el-Rabia em Mênfis

Por Ewerson Dubiela – Historiador e Museólogo do Museu Egípcio & Rosacruz Tutankhamon Fundada na época da unificação do Egito pelo faraó Narmer (3150-3050 a.C.), Memphis é uma cidade milenar que, infelizmente, teve muitos dos seus edifícios e monumentos desmantelados, soterrados ou perdidos devido às ações humana e natural. Graças aos esforços de equipes arqueológicas, diversos elementos sobre a vida das populações ocupantes de Memphis ressurgem, demonstrando crenças e modos de percepção em relação aos espaços que formavam o templo de Ptah. De tal forma, diversas vilas acabaram sendo fundadas ao longo de séculos e ficavam ao lado daquilo que um dia foram as muralhas que cercavam o recinto sagrado. Um destes locais é Kom el-Rabia, sítio arqueológico presente na área sudoeste de Memphis. Sua ocupação pode ter sido iniciada ainda no Reino Médio (2040-1640 a.C.), porém é mais evidente a presença de elementos que datam do Segundo Período Intermediário até o período Saíta. (1640-525 a.C.) As escavações na área de Kom el-Rabia foram realizadas entre 1984 e 1985 através do Memphis Project da Egypt Exploration Society, que já havia realizado outros trabalhos entre 1891 e 1893 na área mais central do Templo de Ptah, permitindo que pudesse ser escolhido este novo local. Dessa forma, na temporada de 1984, houve a descoberta de uma área de casas de trabalhadores artesãos dos Reino Novo (1550-1070 a.C.).  Estas casas, cuja arquitetura já não existe exemplares, sobrando apenas as linhas de suas fundações, ainda nos mostram que possuíam grandes pátios de terra batida, com dimensões modestas e, havendo na área mais a nordeste, um armazém. A casa mais bem preservada possui um forno em seu interior e sinais de que havia pequenos poços para fogueiras em uma de suas paredes, indicando relativa atividade industrial. Sobre o armazém, as casas e pátios estavam organizados de maneira a permitir o acesso comum a ele, sendo substituído apenas quando outro fora construído na área noroeste do sítio e o primeiro bloqueado por uma parede. Algumas dessas casas, devido ao período de suas construções, se parecem bastante com aquelas encontradas em Amarna ou próximas a Karnak, sendo uma pequena câmara de entrada, sala de estar e pares de pequenas salas na área interna conectadas a um longo corredor. Sobre os objetos localizados durante a escavação, esta lista pode ser resumida em itens de caráter doméstico ou de trabalho, como martelos para rochas duras, selas e tripés de basalto, geralmente localizados em salas nas áreas mais afastadas das casas. Objetos em metal também foram localizados, produzidos em bronze e ainda em ótima condição de conservação. Nesse caso, foram descobertas pequenas ferramentas como ponteiras, espátulas e cinzéis, ou utensílios domésticos como anéis, brincos, navalhas e punhais e, ainda, itens votivos, como estátuas do deus Ptah, placas com inscrições, amuletos em forma de escaravelho e colunas Djed feitas em calcário com incrustações em bronze. As colunas Djed representam estabilidade a partir da coluna do deus Osíris e podiam ser usadas tanto para vivos quanto para os mortos. Há também pedaços de metal fundido, de ferro e bronze, encontrados junto com elementos descartados, o que determina trabalhos de fundição local. Outros objetos, dessa vez em cerâmica, foram localizados em grande quantidade e representam concubinas nuas deitadas em camas, porém, sem as crianças que geralmente eram representadas ao seu lado e estátuas de serpentes. As estátuas de concubinas nuas podem ser interpretadas em um contexto doméstico em que sua presença na casa ofereceria para a mulher fertilidade e proteção durante a gravidez e o parto. Sobre materiais com escrita, pouco foi encontrado. Há, principalmente, anéis com cartuchos reais, escaravelhos e blocos usados em portas, sendo que um possuía um título real e o outro pertencia ao sacerdote leitor de Ptah, Sethnakht. Os anéis e escaravelhos têm os nomes de Tothmés III, Amenhotep II, Amenhotep III, Tutankhamon, Horemheb, Seti I e Ramsés II, todos faraós do período o Reino Novo. Por fim, jarros de cerâmica característicos do Segundo Período Intermediário também foram encontrados, demonstrando que a vida neste assentamento perdurou por quase 1000 anos. Para conhecer o sítio de Kom el-Rabia e o trabalho executado pela equipe da Egypt Exploration Society no Memphis Project, acesse o perfil do Flickr pelo link: Referências ANDREW, Carol. Amulets of Ancient Egypt. British Museum Press. London. 1994. BAINES, John; MÁLEK, Jaromír. A civilização egípcia. Folio. Barcelona. 2008. GIDDY, Lisa. Kom Rabiʿa: The New Kingdom and Post‐New Kingdom Objects. Journal of Eastern Studies. Vol. 62. N. 3. 2003 HART, George. The routledge dictionary of Egyptian gods and goddess. 2nd ed. 2005 JEFFREYS, D. G., et al. “Memphis 1984.” The Journal of Egyptian Archaeology, vol. 72, 1986, pp. 1–14. JSTOR, https://doi.org/10.2307/3821476. Accessed 11 Aug. 2022. JEFFREYS, D. G., et al. “Memphis 1985.” The Journal of Egyptian Archaeology, vol. 73, 1987, pp. 11–20. JSTOR, https://doi.org/10.2307/3821518. Accessed 11 Aug. 2022. PROJECT, Amarna. Model of the city. Tour of the Model. 2017. Consulta em: https://www.amarnaproject.com/pages/model_of_the_city/index.shtml Disponível em: agosto de 2022. ROSE, Charlotte. Childbirth Magic. Deciphering bed figurines from ancient Egypt. Vol. 58. N. 3. 2016. SMITH, H. S., and D. G. JEFFREYS. “The Survey of Memphis, 1983.” The Journal of Egyptian Archaeology, vol. 71, 1985, pp. 5–11. JSTOR, https://doi.org/10.2307/3821707. Accessed 11 Aug. 2022.

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O deus Ptah

Ptah está entre as mais antigas e importantes divindades do panteão egípcio. Seu culto advém da cidade de Memphis, que fica cerca de 24km ao sul do Cairo.

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O Museu a céu aberto de Mit Rahina

Vivian Tedardi – Historiadora do Museu Egípcio e Rosacruz Tutankhamon Memphis foi a primeira capital do Egito tendo sido construída pelos primeiros faraós, fundada no início do terceiro milênio antes de Cristo. Foi um importante centro urbano ao longo de toda a história do Egito Antigo. Sua posição estratégica ligava não apenas o Delta e o Vale do Nilo, mas também as regiões desérticas do Saara até a região do Mar Vermelho. Embora tenha sido uma das cidades mais importantes do Egito faraônico, diferente de Luxor, onde ainda pode-se verificar muitas das suas construções, há muito pouco a ser visto de Memphis. Quando o Egito se tornou província romana em 30 a.C. a cidade memphita perdeu seu lugar para Alexandria. Depois, nos períodos bizantino e copta a cidade foi diminuindo gradualmente até deixar de existir. Nesse período, o material de muitas de suas edificações foi sendo utilizado para a construção de novos assentamentos próximos da região e, mais tarde, com a presença dos árabes, grande parte das pedras serviram para a construção de Fustat, a atual Cairo, no século VII. Escavações arqueológicas na região da antiga cidade de Memphis ocorrem desde o século XIX. E o acervo do Museu a céu aberto de Mit Rahina está intimamente ligado as descobertas arqueológicas da região. O período arqueológico mais bem documentado da cidade é o Raméssida, na XIX dinastia, pois inúmeras construções foram realizadas ao templo de Ptah, o deus padroeiro da cidade, embora o museu possua artefatos de diferentes períodos da história egípcia antiga. O primeiro objeto da coleção foi o colosso de Ramsés II, descoberto em 1821, conhecido como Abu’l-Hol, uma magnífica estátua do faraó que realizou inúmeras construções em Memphis. Depois de descoberto, devido ao seu tamanho e peso, permaneceu no mesmo local por muitos anos. Foi apenas na segunda metade do século XIX que um abrigo foi construído para a estátua. Este foi substituído em 1902, por uma estrutura melhor, e foi neste local que na década de 1950 o museu seria erigido. Até a organização do museu, neste espaço, além do abrigo do colosso de Ramsés havia casas que guardavam outros objetos fruto de escavações arqueológicas e o escritório do inspetor de antiguidades, que foi desmanchado quando da inauguração deste espaço museológico. Hoje são cerca de 81 objetos divididos nos seguintes temas: culto aos deuses em Memphis e viver e morrer na cidade, e é o único local da antiga Memphis que demonstra o patrimônio da região. Ele está localizado nos restos arqueológicos da cidade, dentro do antigo Grande Templo de Ptah, de onde vieram grande parte das peças expostas. Além do colosso Abu’l-Hol, outra peça notável da coleção é a esfinge de alabastro, que representa um dos reis da XVIII dinastia e está exposta em local de destaque. Assim, para a mostra desses objetos o museu está organizado da seguinte maneira: um vasto abrigo de concreto com uma plataforma para visitantes onde está o colosso de Ramsés II, reconstruído na época da inauguração. Há também diversos artefatos menores distribuídos ao redor da grande estátua. Fora desta área há três plataformas de concreto com outros objetos, a nordeste está a grande esfinge de alabastro e a leste desta fica o jardim, onde outro colosso de Ramsés II, flanqueado por duas plataformas com objetos menores, está exposto. Entre esses objetos podemos citar outras estátuas, colossos, esfinges e elementos arquitetônicos. Conforme as escavações arqueológicas continuaram ocorrendo ao longo do século XX a coleção foi crescendo e novas áreas foram sendo organizadas para expor os artefatos que chegavam. Foram mais de 160 anos e 150 escavações. Embora muitos objetos tenham sido levados para outros museus, os que foram dirigidos ao Museu de Mit Rahina demonstram a complexa arqueologia da região de Memphis que busca compreender este que foi um dos principais centros urbanos ao longo de toda a história egípcia e mostrar a riqueza histórica da região. Colosso Abul Hol httpsen. [wikipedia.orgwikiMemphis,_Egypt (2)] Esfinge de alabastro – [httpsen.wikipedia.orgwikiMemphis,_Egypt] Colosso Abul Hol httpsen. [wikipedia.orgwikiMemphis,_Egypt (2)] Referências Bibliográficas BAINES, John; MALEK, Jaromir. Deuses, templos e faraós: Atlas cultural do Antigo Egito (Tradução de Francisco Manhães, Maria Julia Braga, Michael Teixeira, Carlos Nougué). Barcelona: Folio, 2008 JEFFREYS, David. The Survey of Memphis, capital of Ancient Egypt: recent developments. Disponível em: (PDF) The Survey of Memphis, capital of ancient Egypt: recent developments (researchgate.net). Acesso 25 de julho de 2022. MEMPHIS, EGYPT. In: In: WIKIPEDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikipedia Fundation, 2022. Disponível em:  Memphis, Egypt – Wikipedia. Acesso em 02 de agosto de 2022. OHARA, Aude Gräzer. Treasures from the lost city of Memphis. Ancient Egypt Associates, Inc. Boston, 2020.

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Mit Rahina

  Katlyn Rodrigues – Monitora do Museu Egípcio e Rosacruz Tutankhamon Localizada próxima à Saqqara, na margem ocidental do rio Nilo, a vila de Mit Rahina é um museu egípcio a céu aberto, onde vários artefatos já foram descobertos. A cidade histórica é conhecida por ter sido a primeira capital política do Egito, anteriormente intitulada de Memphis, além de já ter sido local de diversos marcos históricos, como a coroação de Alexandre, o Grande e a Pedra de Roseta, documento que proporcionou a decifração da escrita hieroglífica e que foi originalmente emitida na cidade. Seu aparecimento se dá através da unificação do norte e do sul, ou seja, do Alto e do Baixo Egito, nos primórdios do Reino Antigo (2575 – 2134 a.C) pelo rei Narmer, durante a primeira dinastia (3000 – 2920 a.C). A cidade, após o século V a.C, foi mencionada por historiadores clássicos como Heródoto, Estrabão e Diodoro. Dessa forma, localizada nas proximidades do Delta, controlava todas as principais rotas de comércio tanto interno, quanto externo. Posteriormente, durante o Reino Médio (2040 – 1640 a.C), permaneceu como um centro religioso e comercial. Já no Reino Novo, foi tida como a principal sede do governo, assim como um campo de treinamento das forças militares egípcias e um porto fluvial cosmopolita. O local ficou conhecido como Inbu-Hed , que significa “Paredes Brancas”, isto porque suas construções eram de tijolos de barro pintados de branco que, segundo registros, brilhavam com a luz do Sol a quilômetros de distância. Durante o período do Reino Antigo (2613-2181 a.C) foi conhecida como Men-nefer “o duradouro e belo” que foi traduzido pelos gregos para “Memphis”. Devido seu tamanho, a cidade também passou a ser conhecida por vários outros nomes, que remetiam à localidade de espécies de bairros que tiveram certo destaque em um momento ou outro. Por exemplo, de acordo com um texto do Primeiro Período Intermediário (2134 – 2040 a.C), era conhecido como Djed-Sut “lugares eternos”, que é o nome da pirâmide de Teti. É provável que a moderna cidade árabe de Mit Rahina tenha recebido esse nome derivado de Mjt-Rhnt, usado posteriormente para se referir a Memphis, cujo significado é “Estrada das Esfinges com Cabeça de Carneiro”, que se refere a antiga calçada que fazia ligação da cidade até Saqqara. Acreditava-se que Memphis era protegida pelo deus Ptah, patrono dos artesãos, e que seu templo Hut-ka-Ptah, teria sido uma das mais notáveis construções da região. Além disso, o rei Amenhotep IV – Akhenaton (1353 – 1335 a.C), teria construído em Memphis um templo para adoração ao deus do disco solar, Aton. Similarmente, o rei Ramsés II (1279-1213 a.C) mudou a capital do país para sua nova cidade, Per-Ramsés, no local de Avaris, mas honrou Memphis com vários monumentos. Seus sucessores continuaram prestando o respeito pela região, que era considerada a segunda cidade do Egito depois da capital. Assim, a cidade sempre desfrutou de prestígio desde sua fundação até mesmo após o declínio do Reino Novo. Ainda que várias cidades tenham sofrido negligências, Memphis continuou tendo sua importância estável. Dessa forma, quando a cidade foi saqueada pelo rei assírio Esarhaddon, em 671 a.C, sua importância religiosa garantiu sua sobrevivência e reconstrução, tornando-se também centro de resistência à ocupação assíria. Foi novamente destruída por Assurbanipal em 666 a.C, levando-a a resistir novamente e ser fortificada, assim como seus deuses, especialmente Ptah, continuaram a ser adorados. Por conseguinte, durante a dinastia ptolomaica (323-30 a.C), que se seguiu à morte de Alexandre, o Grande, os governantes mantiveram a cidade em seu nível tradicional de prestígio. Ptolomeu I (323-283 a.C) respeitou a localidade e mandou sepultar o corpo de Alexandre ali no início de seu reinado. Ele ainda honrou Memphis ao estabelecer o culto de Serápis em Saqqara. Já Ptolomeu II (283-246 a.C) removeu o corpo de Alexandre para Alexandria e iniciou vários projetos de construção, como o Serapeum. Os templos de Memphis mantiveram a reputação da cidade em boas condições, mas com a continuidade da dinastia ptolomaica, ela perdeu seu status para Alexandria. O Decreto de Memphis, mais conhecido como Pedra de Roseta, foi emitido em 196 a.C, por Ptolomeu V Epifânio e, depois disso, a cidade perdeu seu prestígio. Através da ascensão do cristianismo no século IV d.C, Memphis declinou ainda mais à medida que cada vez menos pessoas visitavam os santuários e templos, e no século V d.C, quando o cristianismo se tornou a religião dominante do Império Romano, Memphis caiu no esquecimento. Nos dias atuais, nada resta da cidade, além de metades de pilares, fundações, restos de paredes, estátuas quebradas e pedaços de colunas perdidas perto da vila de Mit Rahina. O local foi incluído pela UNESCO em sua Lista do Patrimônio Mundial em 1979 devido sua importância cultural e pelos monumentos já encontrados até então, como a estátua do Ka de Ramsés II (XIX dinastia), feita em granito vermelho, onde ele é retratado usando uma peruca com o símbolo do Ka na cabeça, e possui 105cm de altura, 55cm de largura e 45cm de espessura. Essa relevância se dá pelo fato que, de acordo com o Ministério das Antiguidades do Egito, são registradas apenas duas estátuas Ka até o momento. Atualmente, está entre os projetos do governo egípcio o fortalecimento da circulação de turistas e o desenvolvimento da cidade de Mit Rahina, com foco na descoberta de novos artefatos.   A Esfinge Estatua em pé de Ramsés II Ramsés II Referências: AMER, Mohamed; ABDALLAH, Mohamed. (2014). Ancient Memphis: Human-induced Impact Assessment. 10.13140/RG.2.2.26046.33606. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/333799128_Ancient_Memphis_Human-induced_Impact_Assessment> Acesso em: 25, jul. 2022 Colossus of ancient Egyptian King Ramses moved to new home, carefully. Disponível em: <https://www.reuters.com/article/us-egypt-archaeology-idUSKBN1FE1WJ> Acesso em: 27, jul. 2022 Huge archaeological building uncovered in Mit Rahina. Disponível em: <https://www.egypttoday.com/Article/4/58095/Huge-archaeological-building-uncovered-in-Mit-Rahina> Acesso em: 27, jul. 2022. MARIETTE, Auguste. Le Sérapéum de Memphis. F. Vieweg, 1882. SOLIMAN, Fatma Ahmed. Socio-Economic Role of the Site Museums for Visitors and Local Communities An Applied Study on Memphis Site Museum (Mit Rahina). Terms and Rules of Publication First: General Rules of Publication, 2022. Unique red granite bust

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As pirâmides dos faraós Unas e Teti

As pirâmides dos faraós Unas e Teti e seus textos sagrados Por Ewerson Dubiela – Historiador e Museólogo do MERCT As pirâmides dos faraós Unas e Teti estão localizadas em Saqqara, região próxima ao Cairo, fazendo parte de um grande complexo de 15 pirâmides reais na região, construídas a partir da III Dinastia (2649-2575 a.C.). A pirâmide mais central da necrópole de Saqqara é justamente a primeira e pertenceu ao faraó Netjerikhet Djoser, da III Dinastia. Em relação a ela encontramos a pirâmide do faraó Unas no lado sudoeste e a de Teti mais afastada à nordeste. Unas foi o último rei da V Dinastia (2465-2323 a.C.), enquanto Teti foi o primeiro da VI Dinastia (2323-2150 a.C.). As pirâmides de ambos foram abertas entre 1880 e 1881 pelo egiptólogo francês Gaston Maspero, que acabou descobrindo o Texto das Pirâmides e realizando a edição e, mais tarde, a publicação em 1894. Do seu conteúdo, os textos procuravam auxiliar o rei em sua ascensão aos céus, destacando diversos itens que facilitariam esta ideia, como rampas ou escadas, nuvens, tempestades, incensos, luz solar e formas de animais. Além disso, os textos ofereciam o conhecimento ao rei sobre os perigos da viagem ao Outro Mundo, os caminhos que deveria percorrer e os locais, identificando os portões e seus respectivos guardiões. Aqui, percebe-se um pouco da geografia do Outro Mundo, constando nos textos o Campo de Juncos e o Campo de Oferendas. O próprio céu é também transformado em um grande canal de água, sob o qual mortos e deuses o atravessam com uma barca. Nenhuma das “edições” dos Textos das Pirâmides foi ilustrada. Os textos foram gravados em baixo relevo e organizados em colunas verticais nas paredes subterrâneas, incluindo corredores, antecâmara e câmara real, bem como nos sarcófagos de pirâmides posteriores. Assim, trata-se do corpo textual funerário mais antigo da humanidade. Ao todo, foram identificados 759 encantamentos (apesar de alguns se repetirem), escritos com o formato da língua escrita egípcia antiga, a evolução da escrita egípcia arcaica. Ainda assim, retratam o egípcio antigo inicial, já que o conteúdo pode ser ainda da época Tinita (2920-2575 a.C.) e ter sido repassado por outros meios, como o oral, além de terem origem conservadora devido a sua sacralidade. É no Texto das Pirâmides, gravado nas construções a partir de Unas, que vemos o significado para estruturas anteriores, como as da pirâmide de Djoser. Nela e em outras, vemos que a entrada está situada na face norte, cujo simbolismo se relaciona com o céu noturno e ao grupo de estrelas do local as quais o governante desejava se unir, elas eram as estrelas do polo norte celestial, as ikhmw sky (aquelas que não conhecem o vazio). Pirâmide de Teti: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pir%C3%A2mide_de_Teti#/media/Ficheiro:Pyramid_of_Teti_2010.jpg Pirâmide de Unas: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pir%C3%A2mide_de_Unas#/media/Ficheiro:Unas-Pyramide_(Sakkara)_12.jpg Mapa das pirâmides de Saqqara: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Saqqara_map.jpg Gaston Maspero: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gaston_Maspero#/media/Ficheiro:Gaston_Maspero_Reutlinger_BNF_Gallica.jpg Trecho do texto da pirâmide de Teti: https://en.wikipedia.org/wiki/Pyramid_Texts#/media/File:Hieroglyph_Text_from_Teti_I_pyramid.jpg Referências bibliográficas AUTUORI, Josep Cervelló. Escrituras, Lengua y Cultura en el Antiguo Egipto. El espejo y la lámpara. UAB. 2015 BAINES, John; MÁLEK, Jaromír. A civilização egípcia. Fólio. 2004 BRANCAGLION, Antônio. Quadro Cronológico – Lista de Reis – Laboratório Seshat – Museu Nacional. UFRJ. HORNUNG, Erik. The Ancient Egyptian Books of the Afterlife. Cornell University Press. Ithaca and London. 1999 LICHTEIM, Miriam. Ancient Egyptian Literature. Vol. 1: The Old and Middle Kingdoms. LULL, Jose. La astronomía en el antiguo Egipto. Universitat de València. 3ª ed. 2016 WILKINSON, Richard H. Egyptology Today. Cambridge University Press. 2008

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