Egito curitibano: análise do prédio do Templo da Ordem Rosacruz – AMORC

Jeferson Fernando Nabosni

Com seus grandes monumentos, a civilização egípcia vem despertando o interesse e a curiosidade de muitas pessoas seja em âmbito acadêmico ou informal. Define-se por egiptologia o ramo da ciência que estuda o Egito Antigo e por Egiptomania a reinterpretação ou o re-uso de traços da cultura egípcia, de maneira a dar-lhes novos significados. Através desta corrente, ao passearmos por Curitiba, podemos nos deparar com construções, nomes de lojas ou monumentos que remetem ao Egito Antigo. Neste artigo, vamos esmiuçar quais as apropriações dos elementos da arquitetura egípcia estão presentes no prédio do Templo da Ordem Rosacruz – Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa (GLP) – AMORC, em Curitiba, realizando um comparativo com o uso da arquitetura egípcia e seus significados.

O Templo da AMORC-GLP fora construído no final da década de 1950. Seu estilo egípcio é uma homenagem dos rosacruzes à Antiga Civilização Egípcia, e ao fato de que a origem tradicional da Ordem Rosacruz – AMORC está nas escolas de mistério criadas à época do faraó Tothmés III e amplamente difundidas durante o reinado do faraó Akhenaton.

Desse modo, a construção é composta por dois pilones em forma de trapézio, com dimensões monumentais encimados por uma cornija, acabamento curvo, que reproduzem um tradicional templo egípcio antigo, como por exemplo, o Templo dedicado a deusa Isis na ilha de Filae. Esses dois pavilhões, atualmente, abrigam o Templo Rosacruz, a Expedição, a Loja Rosacruz Curitiba e o Templo da Ordem Martinista.

Ladeando ambos os lados da construção existem pares de colunas ao estilo Papiriforme. Acredita-se que sua origem remonta a observação dos antigos egípcios dos brotos jovens da planta papiro. Esta era o símbolo da renovação, pois no decorrer de sua existência nasce, cresce e morre, tal qual a vida humana. Os murais do lado esquerdo do prédio são feitos com mosaicos e representam cenas comuns em tumbas, neste caso uma apropriação dos painéis provenientes de uma tumba da 18ª dinastia (c.1340 a.C.), localizada em Luxor, pertencente a um egípcio chamado Menna. As cenas aludem à vida cotidiana, como a caça em um pântano de papiro e o trabalho no campo.

O portal em meio às construções, conhecido por Portal de Akhenaton, traz uma série de representações em altos e baixos relevos, os hieróglifos presentes possuem caráter apenas decorativo, já as imagens podem ser interpretadas. Ao topo tem-se o disco solar alado ladeado por duas serpentes, cujo nome latino é uraeus. Logo abaixo uma cena de adoração, onde se vê claramente uma mesa de oferenda ao centro e acima, Aton, o deus-sol. A esquerda, o faraó Akhenaton ergue as mãos em sinal de adoração, da mesma forma, a direita, sua esposa Nefertiti seguida por suas filhas fazem o mesmo gesto. Os oito registros que ladeiam a entrada, aludem a cenas de adoração a alguns deuses, como Ptah e Hathor, musicistas tocando harpa e possíveis sacerdotisas complementam as cenas, ao fim, touceiras estilizadas de papiro arrematam o portal.

Quem passeia pelo bosque Rosacruz em Curitiba, ao deparar-se com esta construção, sente-se um pouco no Antigo Egito. A utilização desses elementos egípcios neste e em outros prédios da Ordem Rosacruz – AMORC ecoam como uma manifestação de reverência ao passado onde, há milênios, as grandiosas construções permanecem em pé, contribuindo assim para a formação de uma imagem de mistério, um mundo visível carregado de simbologias que permeiam entre o mágico e o oculto no imaginário popular.

 

 

 

Templo dedicado à deusa Isis localizado na ilha de Filae. Os pilones encimados com cornijas, o portal e a porta do templo em muito se assemelham ao prédio da Ordem Rosacruz – AMORC.

 

Mural pintado na tumba de Menna, 18º dinastia (c.1340 a.C.). Inspirados neste painel e em outras cenas que compõem as paredes da tumba, mosaicos foram feitos na lateral esquerda do prédio.

 

 

Colunas como esta, conhecidas por papiriforme, ladeiam o prédio. Por sua vez ao lado temos um broto de papiro, ao qual acredita-se ser a origem deste uso.

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