Por: Jéssica Franco – monitora do Museu Egípcio e Rosacruz
Cleópatra VII théa philopator, que em grego significa “deusa que ama seu pai” foi a última rainha do Egito antes da conquista e anexação do território egípcio por Roma. Cleópatra pertencia a dinastia Ptolomaica, ela nasceu em Alexandria em 69 a.C, seus pais eram Ptolomeu XII Aulete (80 – 51 a.C.), sua mãe não se sabe ao certo. Era a segunda filha de cinco irmãos. Com a morte de seu pai em 51 a.C., Cleópatra então com dezoito anos, subiu ao trono como rainha regente com seu irmão Ptolomeu XIII (51- 47 a.C.).
Apesar dos alexandrinos não estimarem muito os romanos, foi a dois deles que a vida de Cleópatra ficou intimamente ligada. Júlio César (100- 44 a.C.) conheceu a jovem quando ela foi exilada de Alexandria acusada pelo séquito de seu irmão de conspirar para governar sozinha. O romano chegou à cidade alexandrina em 48 a.C. e foi surpreendido com a ousadia da jovem, quando ela pediu a seu servo fiel, Apolodoro, entregar um saco de estopa ao general como um presente, e dentro dele, Cleópatra se encontrava escondida. Cleópatra se tornou aliada política de Júlio César, e mais do que isso, os dois se tornaram amantes. O fruto desta relação se chamaria Cesário, ou pequeno César, como os egípcios chamavam o filho do casal.
Depois do assassinato de Júlio César em 44 a.C. pelos conspiradores do Senado romano, houve a aproximação entre ela e Marco Antônio, cônsul romano que lutou ao lado de Júlio César na guerra civil romana. Os dois também se tornariam amantes e teriam três filhos. Foi junto a Marco Antônio que Cleópatra empreendeu uma guerra contra Otávio, sobrinho de Júlio César e rival dos amantes. Derrotados, ambos se suicidaram. O suicídio da rainha se tornaria lenda, segundo a hipótese mais aceita, ela teria se suicidado pela picada de uma serpente, assim, foi vítima de uma morte rápida e digna, pois não sofreria a humilhação de ser prisioneira de seu inimigo.
Depois de dois mil anos a figura de Cleópatra ainda desperta o interesse e a imaginação do mundo. A repercussão que essa personagem histórica teve nas artes, na literatura, no cinema e no teatro foi imensa. Contudo, as fontes sobre a verdadeira Cleópatra são escassas, além da propaganda negativa sobre ela empreendida por Otávio, inimigo político de Cleópatra. Por isso, grande parte das fontes utilizadas para formatar a imagem dela tratam-se de documentos romanos posteriores a sua morte.
Portanto, apesar de toda a sua fama, a rainha ainda continua sendo um enigma na história. As únicas fontes mais precisas sobre sua aparência são moedas cunhadas a mando da própria rainha que contém seu busto. Através das poucas fontes egípcias que resistiram ao tempo e a destruição por seus inimigos, é que Cleópatra legitimava-se perante o seu povo através de uma estreita ligação com as deusas Ísis e Háthor. Em seu governo ela também enfrentou crises econômicas, mas estabilizou a economia, aumentou significativamente o acervo da biblioteca de Alexandria, estimulou as artes, a filosofia e o conhecimento. Realizando uma política externa eficiente, manteve o Egito independente por mais de vinte anos até que ele se tornasse uma província romana em 30 a.C.
Morte de Cleópatra-1874 por Jean-Andre
CLEÓPATRA VII- “rainha dos reis”[1]
[1] Título dado a ela por Marco Antônio na cerimônia do Ginásio (34 a.C, Alexandria).
Referências:
HUGHES-HALLETT, Lucy. Cleópatra: histórias, sonhos e distorções. Tradução: Luiz Antonio Aguiar. Editora Record, São Paulo, 2005.
SCHWENTZEL, Christian-Georges. Cleópatra. Tradução: Paulo Neves. Editora L&PM Pocket, Porto Alegre, 2009.
SCHIFF, Stacy. Cleópatra: uma biografia. Tradução: José Rubens Siqueira. Editora Zahar, Rio de Janeiro, 2011.