Nefertiti – A Bela Chegou

Nefertiti, que significa “a bela chegou”, foi o nome de uma famosa rainha que viveu no Antigo Egito no período designado Amarniano, na XVIII Dinastia (1550-1307 a.C) Ela foi a Grande Esposa Real do faraó Amenhotep IV (1353-1335 a.C), que ficou mais conhecido na história pelo nome de Akhenaton. O retrato mais célebre de Nefertiti é seu busto que atualmente encontra-se exposto em Berlim, na Alemanha. O artefato foi descoberto em 1912 por uma expedição alemã no ateliê do escultor egípcio Tutmés, em Tell-el-Amarna, junto com outras peças do período Amarniano. A escavação arqueológica que encontrou o mais famoso retrato da rainha foi empreendida pela Equipe Arqueológica da Sociedade Oriental Alemã, sob a liderança do pesquisador Ludwig Borchardt. Acredita-se que o busto servia de modelo para outras esculturas de Nefertiti. As origens familiares da rainha ainda geram controvérsias, alguns pesquisadores creem que ela talvez pudesse ser uma princesa mitanni, que chegou ao Egito e foi nomeada Nefertiti, o que é bem sugestivo, diante do significado de seu próprio nome. Contudo, pesquisas mais recentes indicam que ela era filha de Ay, irmão da rainha Tiye, a Grande Esposa Real do pai de Akhenaton, o faraó Amenhotep III (1391-1353 a.C). Portanto, Nefertiti e Akhenaton eram primos, e provavelmente estavam destinados a se casar desde crianças. Sobre sua mãe há embates, pois Nefertiti possuía uma ama-de-leite chamada Ty, porém, alguns acadêmicos acreditam que Ty não era apenas sua ama-de-leite e sim, sua mãe. Nefertiti desempenhou um papel significante no governo de seu marido, que empreendeu uma reforma religiosa, cultural e, por conseguinte, política no período em que viveu. Akhenaton, descontente com a grande influência que exerciam os sacerdotes de Amon em seu governo, resolve transformar a religião egípcia em uma monolatria, ou seja, a partir disso o deus Aton seria o único deus egípcio a ser cultuado, junto à imagem do faraó e de sua esposa. Dessa forma, Akhenaton também mudou a capital egípcia para uma cidade construída por ele e por Nefertiti, a cidade de Akhetaton. O faraó Akhenaton que até então se chamava Amenhotep IV, adota seu novo nome e Nefertiti adiciona o epíteto Neferneferuaton que significa “bela é a beleza de Aton”. Passando a se chamar então, Nefertiti-Neferneferuaton. A partir desse momento, a iconografia egípcia também sofre modificações, na estética e na forma de representar seus governantes. Não era protocolo no Egito Antigo representar cenas do faraó com sua família em sua vida privada. Contudo, no período Amarniano, começam a ser produzidas cenas do casal com suas filhas, de forma a representar a cumplicidade e a intimidade da família. Entre estas representações, uma das mais famosas também está exposta em Berlim. Nela, encontra-se representada Nefertiti e Akhenaton, o casal solar, com suas filhas sob os raios do deus Aton. Nesse sentido, a rainha desempenhou papel importante nos cerimoniais ritualísticos do novo culto criado por seu marido. Tal fenômeno é constatado por exemplo, nas imagens em que Nefertiti aparece adorando o deus Aton junto a seu marido Akhenaton, e também nos relevos em Karnak, nos quais a rainha aparece fazendo oferendas ao deus, mesmo sem a presença do faraó. Demonstrando assim, a postura ativa de Nefertiti no culto a Aton. Por volta do 14º ano do reinado do faraó Akhenaton, a figura de Nefertiti desaparece dos registros e as pistas acerca desse desaparecimento dão origem a várias hipóteses. Permeiam teorias de que ela teria morrido, ou então se tornado faraó depois que seu marido morreu. Segundo esta hipótese, nos últimos dois anos do reinado de Akhenaton, um faraó chamado Neferneferuaton-Smenkhkara assumiu o trono, contudo, não há comprovações suficientes para validar essa teoria. Em 2003 um documentário produzido pela Discovery Channel intitulado “Nefertiti Revelada” sobre as pesquisas da egiptóloga Joanne Fletcher sugeriam que uma múmia encontrada na tumba KV35 no Vale dos Reis seria da própria rainha. Porém, a arcada dentária da múmia foi identificada como sendo de uma mulher com aproximadamente vinte e cinco anos quando morreu. Portanto, seria muito pouco provável que ela fosse Nefertiti. Sendo assim, o paradeiro da múmia da rainha ainda é desconhecido. Contudo, a figura de Nefertiti ficou muito conhecida na história, como a de uma rainha bela e devotada ao seu marido e a sua religião. Jéssica Franco –  Monitora do Museu Egípcio e Rosacruz   Referências: Costa, Márcia Jamille. Nefertiti e Akhenaton: o casal egípcio impossível de ser ignorado. Disponível em: www.arqueologiaegípcia.com.br. Noblecourt, Christiane Desroches. A mulher no tempo dos faraós. Tradução: Tânia Pellegrini. Editora Papirus, São Paulo, 1994. Scoville, Priscila. Rainhas de Amarna: a influência de Tiye e Nefertiti no governo de Amenhotep IV/ Akhenaton. NEARCO- Revista de Antiguidade, 2015, Ano VIII, Número II. Núcleo de Estudos da Antiguidade, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2015. www.amarnaproject.com www.seshat.com.br        

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