Você conhece a história de Tothmea? “Tothmea” foi uma egípcia que viveu provavelmente no final do Terceiro Período Intermediário (1070 – 712 a.C.) ou no início do Período Tardio (712 – 332 a.C.) – entre os séculos VI ou VII a.C. Isto significa que ela é pelo menos 500 anos mais velha do que Jesus Cristo. 18ª dinastia Não sabemos muito sobre sua vida e até mesmo seu nome verdadeiro não é conhecido. Ela recebeu o apelido de “Tothmea” de um senhor chamado Farrar, em 1888, como homenagem aos faraós Tothmés, os quais governaram o Egito durante a 18ª dinastia (entre os anos de 1504 e 1425 a.C.). 1888 De acordo com uma das fontes escritas consultadas, datada de 1888, havia uma inscrição no ataúde de “Tothmea” a qual mencionava que ela teria se dedicado ao serviço da deusa Ísis. Sabemos que suas funções não eram propriamente sacerdotais, mas não podemos descartar a possibilidade de que ela tenha atuado como cantora ou até mesmo como musicista de um santuário da deusa. Saiba mais + Do Egito para os Estados Unidos Tothmea foi descoberta em uma necrópole de Tebas Ocidental na segunda metade do século XIX. Em 1885, um secretário do governo americano chamado Samuel Sulivan Cox, que visitava o Egito, recebeu duas múmias do khediva Mohamed Pasha Tewfik. Ao retornar para Washington, em 1886, doou uma das múmias para o Smithsonian Institution ainda no mesmo ano. A outra, chamada posteriormente “Tothmea”, foi adquirida por H. C. Farrar, diretor do Museu George West em Round Lake. Em agosto de 1888, a múmia foi parcialmente desenfaixada em um auditório na Vila de Round Lake, estavam presentes: Prof. Lancing, Capitão Rogers, Bispo Newman, e o Dr. Farrar. “Tothmea” permaneceu em exposição no Museu George West até 1918. No ano seguinte a instituição foi fechada. O acervo do museu foi desfeito, e a múmia acabou em um celeiro sob a responsabilidade de um senhor chamado Garnsey. Nesta época “Tothmea” era vista “perambulando” por Round Lake, pois garotos costumavam levá-la a passeio em uma carruagem. Provavelmente na década de trinta, um professor chamado Flanking Clute, se responsabilizou pela curadoria de “Tothmea”. Em 1939, ele decidiu deixá-la no Museu Schenectady. Nesta instituição a múmia foi exposta algumas vezes, mas acabou sendo esquecida, permanecendo guardada no porão. Posteriormente a 1975, o diretor George H. Cole decidiu exibí-la para um programa educativo em uma estação de televisão local. Era intenção do Museu Schenectady devolver “Tothmea” para seu antigo curador, o Sr. Clute, mas os responsáveis não conseguiram encontrá-lo. A transferência para o Brasil Em 1978, a historiadora Mary Hesson entrou em contato com o Museu Schenectady, a fim de que “Tothmea” fosse emprestada para Round Lake. Com autorização concedida, no dia 21 de março a múmia foi levada para o gabinete da historiadora, onde era exibida para estudantes. Em agosto, devido a uma exposição, a múmia foi levada novamente para o Museu Schenectady. Ao término desta, “Tothmea” regressou para Round Lake permanecendo no escritório da historiadora Mary Hesson até 1984. No dia 13 de fevereiro de 1984, Round Lake devolveu “Tothmea” à senhora Inez Sewell, filha do então falecido Sr. Clute. Seu genro foi incumbido de levar a múmia, e esta acaba sendo guardada em um porão. Durante o inverno do referido ano, “Tothmea” volta para Inez Sewell. Durante um tempo ela havia tentado encontrar uma instituição que desejasse receber a múmia, mas sem sucesso, até que no dia 24 de março de 1987 “Tothmea” foi adquirida pelo Museu Rosacruz de San Jose – Califórnia. Depois de permanecer sete anos guardada na reserva técnica do museu, a múmia “Tothmea”, em 10 de abril de 1995 foi doada para o Museu Egípcio e Rosacruz. Atualmente permanece em exposição desde sua chegada, ocorrida em abril de 1995. Esse acontecimento marca a vinda de uma múmia autêntica para a região Sul do Brasil, pois, antes de Tothmea, só o Rio de Janeiro possuía em seu acervo múmias egípcias autênticas. Antecâmara e câmara funerária Para servir de tumba para a múmia “Tothmea”, foi construída uma antecâmara e uma câmara funerária em um espaço interno do Museu Egípcio e Rosacruz. As pinturas murais e as inscrições foram inspiradas nas tumbas tebanas do Reino Novo (1550-1070 a.C.). A Antecâmara apresenta cenas cotidianas como os portadores de oferendas, festas com músicos e musicistas tocando instrumentos da época, representações da colheita e joeiramento do trigo. Na entrada para a câmara funerária figuram duas representações de Anúbis, na forma de chacal, protegendo a passagem. A Câmara Funerária exibe cenas religiosas, tais como: oferendas feitas aos deuses, adoração a uma das principais tríades egípcias (formada por Osíris, sua esposa Ísis e o filho Hórus), a preparação da múmia pelo deus Anúbis e o “Julgamento do Morto”. No teto abobadado temos uma representação do mito da criação do mundo, originário da cidade de Heliópolis. A decoração das duas câmaras foi elaborada e executada pelo artista plástico paranaense Luiz César Vieira Branco. Descrição dos muraos e tradução dos hieróglifos da antecâmera e câmera funerária de Tothmea ANTECÂMARA 1) A falecida recebe oferendas trazidas por inúmeros servos. Veem-se animais, aves, pães, frutas e flores. A provisão de oferendas era essencial para a sobrevivência do morto no outro mundo. Hieróglifos: Uma oferenda que o rei dá a Osíris, Senhor da Eternidade, Grande Deus, Senhor do Duat (Mundo Inferior), a Anúbis que está sobre sua montanha, à Ísis, Grande Deusa, a Amon-Ra, Rei dos Deuses, e a todos os deuses que estão no céu e na terra, (para) que eles deem oferendas em pão e cerveja, bois e aves, (vasos de) alabastro, vestes de linho, incenso e vinho, para o ka da venerada perante todos os deuses. Ela diz: “Oh, Osíris! Surgiste como o Deus, Senhor de Abidos. Meu coração alegra-se ao ver as oferendas no teu altar. Tuas mãos estão atrás do meu corpo, protegendo-me com vida e saúde”. 2) A falecida dá oferendas aos deuses em agradecimento à produção dos campos sobre seu domínio. Nos registros menores vemos a