Para que possamos falar sobre os faraós e, principalmente, sobre a reunificação do Egito, podemos destacar a unificação do território por volta do ano de 3100 a.C. O responsável por essa união e também o primeiro monarca que temos registros é Narmer (ou Menes para os gregos). Antes, a região egípcia era dividida em diferentes tribos, as quais cada uma tinha seus respectivos chefes denominados nomarcas, eram ao mesmo tempo chefes militares e políticos que lideravam unidades administrativas chamadas nomos. Um registro importantíssimo que retrata este acontecimento é a paleta de Narmer. Deve ser destacada a importância que o faraó tinha dentro do Egito: para eles, o soberano seria um deus vivo que teria a alma de Hórus, sendo assim a própria divindade na terra. O faraó era o intermédio entre o povo e os deuses, sendo também sumo sacerdote que realizava rituais sagrados nos templos. Os monarcas eram aqueles que governavam as Duas Terras – o Alto e Baixo Egito – e através de guerras de conquista e expedições punitivas mantinham os inimigos sob seu controle ou os destruíam – o que complementa Maat (a ordem cósmica). O chamado Primeiro Período Intermediário, que teve o início por volta de 2.134 a.C. e seu termino em 2.040 a.C., leva esse nome por questões de guerras e conflitos internos entre diferentes soberanos, marca também a transição do Reino Antigo para o Reino Médio e inclui a VII até a XI Dinastias. Para classificar essa transição há diferentes estágios. Os monarcas egípcios do Primeiro Período Intermediário dividiam o poder entre duas cidades especificas sendo elas as cidades de Heracleópolis e Mênfis. A primeira perdeu seu território e seu poder para os governantes da XI Dinastia (2134 – 2040 a.C), chamada também de Dinastia tebana, que transformou Tebas na nova capital do Egito durante parte do Reino Médio (2040 – 1640 a.C.). O primeiro estágio foi representado pela desintegração do país na VI Dinastia que corresponde aos anos de 2.323 até 2.150 a.C., e o declínio do governo centralizador que corresponde à VII e VIII Dinastias, além de vários regentes que continuaram a deter o poder na cidade de Mênfis (primeira capital do Egito). Já o segundo ocorreu por um colapso na monarquia Menfita, que foi marcada por certas questões como, por exemplo: a anarquia e as guerras entre os governantes provinciais. A fome, a pobreza e a doença espalharam-se por todo o território egípcio. Há registros que falam sobre sepulturas e monumentos que foram saqueados e destruídos por ladrões, e tais problemas desencadearam conflitos bélicos e religiosos, esses eventos foram registrados nos chamados “Textos Literários Pessimistas”. Os conflitos internos eram também contínuos ataques surpresas realizados pelos beduínos que residiam na região fronteiriça que se localizava ao nordeste do Médio Egito. O terceiro estágio destaca-se por questões em que os governantes da cidade de Heracleópolis surgiram como novos regentes que dominaram o Médio Egito, entre as cidades de Tebas e Mênfis (IX e X Dinastias). O chamado Akhtoy (Kheti) foi o governante que conduziu seu povo a vitória e estabeleceu Heracleópolis como a nova capital do Egito durante o Primeiro Período Intermediário. A anarquia foi controlada temporariamente, houve um período de paz no qual realizaram construções de templos nas localidades de Beni Hassan, Akhemim e El – Bersh. Neste mesmo período se erguia a família dos Antef´s na cidade de Tebas. Logo, esta família teve disputas e conflitos com os soberanos da cidade de Heracleópolis. Tal fato foi gravado na tumba do governante Akhetoy em Assiut. Outros acontecidos foram registrados no texto “A Instrução Dirigida ao Rei Merikare” em que um regente já com uma certa idade dirigia a palavra para seu sucessor e filho, tal escritura tinha como finalidade estabelecer o poder politico do monarca. No último estágio, Montuhotep II, descendente dos Antef´s, conquistou o poder geral do país, restaurando então as questões políticas e sociais, acabando com a anarquia e a guerra civil. O monarca apaziguou todo o território egípcio e permitiu que os governantes provinciais mantivessem o seu poder. Consolidou a cidade de Tebas como nova capital do Egito e estimulou o crescimento da arte e arquitetura. Montuhotep II foi responsável por reunificar o Egito depois do Primeiro Período Intermediário e também responsável por fundar o Reino Médio, por volta do ano de 2040 a.C. Talvez Montuhotep II não tenha governado todo o território egípcio, mas com certeza foi o reunificador do país. A construção mais famosa da XI Dinastia é o monumento funerário único que Montuhotep II Nebhepetre mandou construir para si em Deir el-Bahari, em Tebas. Por: Bruno Luiz Deniski – Referências: DESPLANCQUES, Sophie. Egito Antigo. São Paulo 2009. CARDOSO, Ciro Flamarion. O Egito Antigo. 1982. DAVID, Rosalie. Religião e Magia no Antigo Egito. Ed. Difiel. BRANGAGLION, Antônio. Quadro Cronológico – Seshet. Museu Nacional.