Seshat

Seu nome, Seshat, quer dizer ““*a escriba” , pois sesh significa escriba e o sufixo et (ou at) indica o gênero feminino. Outro nome atribuído à deusa é Sefkhet-Abwy, referente aos emblemas característicos colocados sobre a cabeça da deusa. Ela também pode ser chamada de a primeira de per-medjat “a casa dos livros”, a primeira de per-ankh “casa da vida”, biblioteca do templo, senhora da escrita, dos anos, dos construtores ou weret-hekau, que significa “a grande da magia” – título dado também a outras deusas. Seshat geralmente é representada vestida com pele de leopardo, uma veste que simboliza o ofício sacerdotal. O adorno sobre sua cabeça consiste em uma flor de sete pétalas ou estrela de sete pontas – a interpretação desses aspectos é variada -, contornada por um objeto que pode ser um par de chifres invertido ou duas serpentes. O símbolo que há sobre sua cabeça se pronuncia [ s’sh’t ] e é o hieróglifo da deusa. Normalmente, ela aparece segurando um instrumento para marcar a passagem do tempo e seus eventos, além do tempo previsto para o Faraó na sua jornada terrena, bem como instrumentos específicos da atividade de escriba – como o filete de junco utilizado para escrever e a paleta. Em dados momentos, a deusa Seshat é identificada com aspectos semelhantes aos da deusa Néftis e ocasionalmente também pode ser associada à deusa Háthor. As primeiras aparições da deusa na mitologia egípcia datam ainda do Reino Antigo (a partir de 2920 a.C.), pois há indícios do culto à Seshat na Segunda Dinastia (2770 a.C. – 2649 a.C.). Não se tem conhecimento de nenhum templo dedicado exclusivamente à deusa, mas ela é sempre referenciada como a patrona da construção dos edifícios sagrados e é representada no interior de diversos templos, como os de Abydos, Edfu, Dendera, Karnak e Luxor. Também é possível encontrar representações suas nas paredes do templo de Abu Simbel, assim como no templo do deus Toth, em Hermópolis ou Khemenu. O culto à deusa prolongou-se até as épocas tardias na cidade de Alexandria, onde foi construída a famosa biblioteca de mesmo nome, visto que Seshat é a deusa da sabedoria e protetora das bibliotecas. Na mitologia egípcia, Seshat ocupa um papel que a coloca como a deusa das escrituras e dos projetos arquitetônicos, padroeira também da astronomia e matemática pois era a deusa que media e registrava o mundo. Seshat é a páredra do deus Toth, ou seja, uma contraparte feminina do deus da sabedoria e do conhecimento. Ela e Toth fixavam a duração do reinado de um rei gravando seu nome sobre as folhas da árvore ished em Heliópolis. Como deusa da escrita, Seshat era a guardiã dos registros reais e das genealogias. Ela também é mostrada fazendo a gravação do espólio adquirido pelos reis nas batalhas, talvez como um lembrete de que uma parte é devida aos deuses. Logo a partir da Segunda Dinastia, ela foi mostrada ajudando os reis a colocar as bases para construção dos templos e a alinhá-los com as estrelas e planetas. Em alguns textos dos sarcófagos, Toth e Seshat “trazem escritos para um homem no reino dos mortos”. Estes escritos eram os feitiços que poderiam ajudar a pessoa morta a vencer os terrores do submundo e tornar-se um espírito poderoso. Infelizmente, pela escassez de registros sobre essa deusa, Seshat não é tão conhecida atualmente como as deusas Ísis, Bastet ou Maat. Contudo, pelos vários significados atribuídos à deusa, percebemos que Seshat tinha valor e notoriedade para os egípcios antigos, visto que foi reverenciada até os períodos mais tardios da civilização faraônica. *Por mais que Seshat seja a senhora da escrita e carregue os instrumentos de um escriba, a deusa não é representada escrevendo e não é recorrente nas fontes que mulheres exercessem o papel de escribas na sociedade egípcia. Por: Jéssica Cabral Referências: Seshat. Dieux et Déesses de l’Ancienne Égypte. Disponível em: . L. C. F. (org.). A comprehensive list of Gods and Goddessesof Ancient Egypt. p. 276. Disponível em: PINCH, Geraldine. Handbook of Egyptian Mythology. ABC-CLIO, 2002. p. 190-192. WAINWRIGHT, G. A. Seshat and the Pharaoh. Journal of Egyptian Archaeology. n.26. 1940. p.30–40.

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Estelas funerárias da cidade de Abydos

  A antiga cidade-necrópole de Abdju, mais conhecida pelo nome grego de Abydos, esta localizada no Alto Egito Setentrional a aproximadamente 150 quilômetros da atual cidade de Luxor. Abydos era a capital da oitava província administrativa chamada Ta-ur, ou “terra mais antiga”, e foi um importante centro religioso relacionado ao culto aos mortos no Egito faraônico. As descobertas arqueológicas na região nos mostram que esta cidade esteve em constante atividade, desde o período Proto-dinástico (anterior a 3.000 a.C.). O culto a Osíris tornou-se tão popular no final do Reino Antigo, que esta divindade acabou absorvendo e incorporando atributos de dois deuses relacionados ao poder e a morte. É o caso da divindade real de Busíris, Anedjit, e da divindade da própria necrópole de Abydos, Kenthiamentiu, cujo nome significa “o que esta a frente dos ocidentais”, ou seja, o soberano do mundo dos mortos. Nesta cidade foram enterrados todos os faraós da I dinastia e dois da II dinastia. A tumba do faraó Djer era considerada pelos egípcios a própria tumba do deus Osíris, devido o faraó Khendjer, do Reino Médio, ter erigido uma estátua deste deus sobre o leito funerário de uma câmara na tumba de Djer. Consequentemente, milhares de pessoas todos os anos se reuniam na região com a finalidade de realizar oferendas ao “Senhor de Abydos”. A localização estratégica de Abydos permitia que as peregrinações viessem tanto do norte quanto do sul do Egito. O caráter popular dos festejos fazia com que muitas pessoas participassem com freqüência e durante a permanência na cidade muitos mandavam erigir Estelas Funerárias, na grande maioria, confeccionadas em materiais duráveis. Elas tinham o propósito de assegurar a perenidade de suas ideias sobre a vida e a morte, e, sobretudo representar a pessoa quando não pudesse mais participar das “procissões osirianas”. As estelas funerárias encontravam-se dispostas nos cenotáfios (monumento funerário simbólico edificado em clamor ao proprietário) ou em pequenas capelas. Quando associadas ao espaço sagrado em que poderiam estar depositadas, os antigos egípcios acreditavam que garantiriam proteção e víveres na outra vida. De maneira geral, eram retangulares e com topo arredondado ou no formato de “portas falsas”, tinham aspectos básicos como a representação do morto, algumas vezes de familiares ou servos, uma fórmula mágica e uma mesa de oferendas. A imagem seguia o padrão da escultura egípcia, geralmente gravadas em baixos relevos ou somente pintadas, apresentavam o morto sentado em bancos ou cadeiras de encosto baixo, o homem vestido com um saiote, as mulheres com uma túnica branca mostrando um dos seios, à sua frente eram desenhadas uma mesa de oferendas repleta de víveres dos quais são facilmente identificados pães, vasos de cerveja, partes de bovino e aves. Os textos presentes quase sempre começam com a “formula de oferendas”, ou seja, uma inscrição dotada de simbologias que iria garantir o fornecimento de alimento para o morto. Após estas inscrições, pode ser identificado o título do proprietário, que nada mais é a sua profissão. Estes objetos compunham parte do aparato funerário egípcio e eram bastante comuns. Muitas Estelas Funerárias chegaram aos nossos dias e são utilizadas pelos historiadores de diversas maneiras. Suas inscrições revelam informações sobre a sociedade em que viviam e ajudam a recuperar partes importantes da vida no Egito Antigo. Jeferson Fernando Nabosni

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