Viviane Roza de Lima
A cronologia egípcia atualmente é conhecida através de seus intervalos de estabilidade e instabilidade dos setores econômicos, políticos e sociais; as datas podem sofrer variações entre os pesquisadores dependendo da sua interpretação dos estudos. Mas os próprios egípcios não pensavam assim sua história: a organizavam com base em dinastias ou casas reais, que muitas vezes não estavam conectadas por laços consanguíneos entre os governantes.
O Período Tardio ou Baixa Época compreende as dinastias XXVI a XXXI (664-332 a.C.) que se dividem em quatro fases: a dinastia Saíta (664-525 a.C.), a primeira ocupação Persa (525-404 a.C.), um período independente (404-343 a.C.) e a segunda ocupação Persa (343-332 a.C.).
A fase saíta enfrentou diversos problemas devido a fragmentação contínua do país devido aos governantes líbios e o sacerdócio de Tebas, seguida dos inimigos asiáticos e dos reis núbios que ameaçavam retomar o controle.
A primeira ocupação Persa encabeçada por Cambises II (que adota a titulatura real egípcia assim como os seus sucessores mesmo que estes nunca tivessem residido no Egito) ganha apoio da aristocracia local por favorecer as crenças egípcias até mesmo promovendo a construção de templos, porém, converte o país em uma província (satrápia) do império persa que precisava também lidar com inimigos gregos.
O desejo de se libertar da dominação reaparece com um levante realizado por Amirteus, que expulsa o recém-nomeado sátrapa, Artaxerxes II, em 404 a.C, inaugurando assim o último período governado por soberanos nativos egípcios, cuja forma de continuar enfrentando a ameaça persa era alternar a forma diplomática com as operações militares.
A retomada do controle persa se constituiu por saques aos templos, demolição das defesas das principais cidades egípcias e a nomeação de administração provincial persa constituída por alguns funcionários egípcios. Embora quisessem retomar as condições da dominação anterior o resultado foi somente intensa brutalidade e incompetência recorrentes que abriram caminho para o surgimento de uma nova rebelião que parcialmente tomou o controle do território. Por fim, quando o rei macedônio Alexandre Magno invadiu o país em 332 a.C, o fez sem muitas dificuldades em vista do grande ódio dos nativos pela dominação persa.
Embora se possa pensar que o Período Tardio não tivesse mais a grandeza precedente da civilização faraônica, não se pode deixar de pensar que ao final do Reino Novo (1550-1069 a.C.) seguido do Terceiro Período Intermediário (1069-747 a.C.) começa uma extensa era internacional no Egito em que povos estrangeiros passaram a dominar o território kemita como kushitas, líbios, núbios, persas, gregos e, por fim, romanos, trazendo consigo novas influências evidenciadas nas crescentes e abundantes descobertas arqueológicas de natureza multicultural.
Anel de sinete de ouro de Sheshonq – XXVI dinastia.
https://www.britishmuseum.org/collection/object/Y_EA68868
Nome de origem líbia, este anel pertenceu a um homem que era supervisor de terras e posses de uma importante figura religiosa da época: “Administrador-chefe da Adoradora Divina (ou Esposa do Deus)”.
O templo de Hibis, no oásis de Kharga
É o maior e melhor templo conservado tendo sido dedicado a Amon e Osiris cuja construção começou com o faraó saíta Psamético II (595-589 a.C.), e terminado e decorado por Dario I.
https://www.egiptoexclusivo.com/pt-br-oasis-do-egipto/kharga/
Cartucho de Dario I, no templo de Hibis.
https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Darius_II_cartouche_at_Hibis.jpg
Referências Bibliográficas
CAMPBELL, Price. The late period (c. 747-30 BCE). In: Ancient Egypt. Thames & Hudson, 2018.
COELHO, Liliane.; SANTOS, Moacir. A ESCRITA DA HISTÓRIA DO EGITO ANTIGO. [s.l: s.n.]. Disponível em: <http://www.neauerj.com/Nearco/arquivos/numero13/16.pdf>.
DE ARAÚJO, Luís Manuel. A história: ascenção, apogeu e queda. In: O Egito faraónico: uma civilização com três mil años. Arranha-céus, 2015.
LLOYD, Alan B. La Baja Época (664-332 a.C). In: Historia del Antiguo Egipto. SHAW, Ian (Ed.). La esfera de los libros, 2016.
STRUDWICK, Helen (Ed.). La enciclopedia del antiguo Egipto. Edimat Libros, 2007.