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As pirâmides dos faraós Unas e Teti e seus textos sagrados

Por Ewerson Dubiela – Historiador e Museólogo do MERCT

As pirâmides dos faraós Unas e Teti estão localizadas em Saqqara, região próxima ao Cairo, fazendo parte de um grande complexo de 15 pirâmides reais na região, construídas a partir da III Dinastia (2649-2575 a.C.).

A pirâmide mais central da necrópole de Saqqara é justamente a primeira e pertenceu ao faraó Netjerikhet Djoser, da III Dinastia. Em relação a ela encontramos a pirâmide do faraó Unas no lado sudoeste e a de Teti mais afastada à nordeste.

Unas foi o último rei da V Dinastia (2465-2323 a.C.), enquanto Teti foi o primeiro da VI Dinastia (2323-2150 a.C.). As pirâmides de ambos foram abertas entre 1880 e 1881 pelo egiptólogo francês Gaston Maspero, que acabou descobrindo o Texto das Pirâmides e realizando a edição e, mais tarde, a publicação em 1894.

Do seu conteúdo, os textos procuravam auxiliar o rei em sua ascensão aos céus, destacando diversos itens que facilitariam esta ideia, como rampas ou escadas, nuvens, tempestades, incensos, luz solar e formas de animais. Além disso, os textos ofereciam o conhecimento ao rei sobre os perigos da viagem ao Outro Mundo, os caminhos que deveria percorrer e os locais, identificando os portões e seus respectivos guardiões. Aqui, percebe-se um pouco da geografia do Outro Mundo, constando nos textos o Campo de Juncos e o Campo de Oferendas. O próprio céu é também transformado em um grande canal de água, sob o qual mortos e deuses o atravessam com uma barca.

Nenhuma das “edições” dos Textos das Pirâmides foi ilustrada. Os textos foram gravados em baixo relevo e organizados em colunas verticais nas paredes subterrâneas, incluindo corredores, antecâmara e câmara real, bem como nos sarcófagos de pirâmides posteriores.

Assim, trata-se do corpo textual funerário mais antigo da humanidade. Ao todo, foram identificados 759 encantamentos (apesar de alguns se repetirem), escritos com o formato da língua escrita egípcia antiga, a evolução da escrita egípcia arcaica. Ainda assim, retratam o egípcio antigo inicial, já que o conteúdo pode ser ainda da época Tinita (2920-2575 a.C.) e ter sido repassado por outros meios, como o oral, além de terem origem conservadora devido a sua sacralidade.

É no Texto das Pirâmides, gravado nas construções a partir de Unas, que vemos o significado para estruturas anteriores, como as da pirâmide de Djoser. Nela e em outras, vemos que a entrada está situada na face norte, cujo simbolismo se relaciona com o céu noturno e ao grupo de estrelas do local as quais o governante desejava se unir, elas eram as estrelas do polo norte celestial, as ikhmw sky (aquelas que não conhecem o vazio).

Referências bibliográficas

AUTUORI, Josep Cervelló. Escrituras, Lengua y Cultura en el Antiguo Egipto. El espejo y la lámpara. UAB. 2015 

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