EXPOSIÇÃO – Museu Egípcio e Rosacruz – realizada em 2017
O resgate da história e da cultura do Egito Antigo, realizado desde o século XIX, é possível graças a sua cultura material encontrada em inúmeros sítios arqueológicos espalhados pelo território egípcio. Contudo, é a partir dos textos produzidos por esta civilização que podemos compreender o seu pensamento sobre a religião, a organização social e moral e sua crença na vida além-túmulo. É a partir desse ponto de vista que a mostra “A Literatura no Egito faraônico” explora o passado egípcio, correlacionando os materiais produzidos por essa civilização com sua escrita e com textos organizados para os mais diversos fins.
Nesta sala você conhecerá um importante documento para a egiptologia: a Estela de Roseta.
Quando Napoleão Bonaparte chegou ao Egito em 1798, trazendo consigo muitos sábios franceses, trouxe à tona o documento que possibilitaria conhecer a escrita egípcia que havia deixado de ser grafada desde o século IV. Este documento é a Estela de Roseta, que apresenta três escritas: duas egípcias – a hieroglífica e a demótica – e a grega.
Muitos pesquisadores já haviam tentado decifrar a escrita egípcia. Porém, foi apenas em 1822, pelas mãos do francês Jean-François Champollion, que ela se tornou acessível por meio da tradução da Estela de Roseta.
O egípcio antigo é a língua que mais tem documentos ao longo do tempo, com cerca de 3500 anos de escritos continuados. Os primeiros testemunhos são encontrados a partir do período pré-dinástico e são chamados de “petróglifos” (3300 – 2700 a.C.), podendo ser encontrados na ilha do templo de Kalabsha e também no Wadi-Hammamat, um antigo leito de rio seco. Essa primeira forma escrita rapidamente deu origem ao que hoje chamamos de “hieróglifos” (2700 a.C. – 394 d.C.).
Esta sala é dedicada às origens dessa escrita e à sua relação com a mitologia e com a formação do Estado faraônico.
* Curiosidade: Os deuses possuem cabeça de animais porque para os egípcios a ideia de um deus invisível não existia. Assim, as divindades eram representadas da melhor maneira possível através da característica de um animal.
O modo como os egípcios observavam a natureza e, principalmente, seu funcionamento era reflexo da ordenação cósmica, ou seja, era Maat agindo. A vida foi organizada através dos ciclos naturais mostrando uma interdependência entre a organização social e o meio ambiente. Maat era também a justiça e os princípios morais que regiam a estrutura social egípcia. Assim, neste ambiente o visitante conhecerá como através dos artefatos egípcios é possível refletir sobre essas questões.
As “Instruções” eram ensinamentos voltados a parte da sociedade egípcia. Geralmente eram transmitidos em forma de cópia ou ditado para os alunos dentro das per-Ankh (Casas da Vida). Esses textos nos revelam o sentido da moralidade egípcia, ou seja, formas de comportamento e educação que os nobres deveriam ter.
Nesta sala encontramos objetos que representam o cotidiano da sociedade faraônica.
* Curiosidade: Os egípcios consideravam três estações no ano: Akhet (inundação), Peret (cultivo) e Shemu (colheita), evidenciando a importância que o trabalho no campo tinha para aquela civilização.
O primeiro conjunto escrito do Egito Antigo é o “Texto das Pirâmides”, que nos revela a crença de que os faraós, após a morte, se uniriam aos deuses. Muitas informações relativas ao imaginário egípcio sobre a morte conhecemos através dos textos funerários elaborados.
Neste ambiente há vários objetos utilizados no embalsamamento dos corpos, além de outros relacionados à crença na vida além-túmulo.
* Curiosidade: Os órgãos do falecido eram removidos para serem preservados separadamente, pois os egípcios acreditavam que os reutilizariam no outro mundo. Assim, a mumificação não era tida como um ritual que prejudicava a pessoa, e sim trazia-lhe benefícios, como o renascimento no paraíso agrário de Osíris.
Em Tebas, a capital do Egito Antigo, durante o Reino Novo, as tumbas foram escavadas nas rochas dos vales montanhosos, a oeste do rio Nilo. Essas tumbas geralmente possuíam três partes: um pátio, a capela para o culto funerário e a câmara funerária subterrânea, na qual a múmia era encerrada. Todo o complexo era chamado de “Casa da Eternidade”, pois seria a morada permanente para o indivíduo e sua família após a morte.
A capela mortuária, em especial, era o local onde os familiares deveriam realizar o culto funerário para o proprietário da tumba. Por isso era decorada e revelava a crença e a atitude dos egípcios em relação à morte. Suas imagens demonstram o status e o prestígio de seu proprietário. Muitas vezes organizada em dois ambientes, as cenas da primeira sala eram associadas ao mundo dos vivos, ao passo que as cenas da sala interna eram relativas à vida além-túmulo.
Muitas vezes, com o passar do tempo, tumbas eram abandonadas e reutilizadas por gerações futuras. E é justamente o que representamos aqui no Museu Egípcio com a organização de uma capela funerária para a visita à múmia Tothmea, pois no período em que ela viveu não se construíam mais complexos funerários como este.
Assim, nós o convidamos a conhecer um pouco mais sobre a crença egípcia na vida além-túmulo ao visitar a “Casa da Eternidade da múmia Tothmea”.
Cerca de 140 obras chamam a atenção para a forma peculiar da escrita egípcia. A cada dois anos as peças em exposição no Museu Egípcio e Rosacruz são trocadas a fim de que um novo contexto seja trabalhado para apresentar ao público outros objetos integrantes do acervo do museu, que possui 700 peças.