O governante do Egito, ao longo de sua vida, encomendava construções monumentais para legitimar seu poder e eternizar seu nome na história, daí a expressão que conhecemos, “obras faraônicas”. Já o processo de mumificação após a morte, segundo a crença egípcia, garantia a eternidade na vida além túmulo, o Duat, paraíso agrário governado pelo deus Osíris. Tais circunstâncias, foram a motivação para a construção desses complexos piramidais, que tinham a função de abrigar o corpo mumificado daquele que era o representante divino dos deuses na terra, o próprio faraó. A primeira pirâmide construída no Antigo Egito, está localizada no deserto de Saqqara, a nordeste da cidade de Mênfis, e data do Reino Antigo (2735-2195 a.C). Ela é conhecida como a pirâmide de degraus, e foi construída pelo famoso arquiteto da antiguidade, Imhotep a pedido do faraó Djoser (2680-2660 a.C), para ser sua tumba.
Porém, as pirâmides mais conhecidas atualmente, são as três pirâmides do complexo de Gizé, nos arredores da cidade do Cairo, atual capital egípcia. Tais monumentos, foram construídos pelos faraós, Quéops, Quéfren e Miquerinos durante a IV Dinastia (2575-2465 a.C.) do Reino Antigo. A maior delas, nomeada de a Grande Pirâmide de Gizé, é a do faraó Quéops, construída durante o seu reinado em 2605-2580 a.C. Considerada uma grande obra de engenharia e arquitetura da antiguidade, possui aproximadamente 146 metros de altura, e cerca de 52,9 mil metros quadrados de superfície, feita de blocos de pedra calcária, extraídas de pedreiras em Aswan e Tura. Os estudiosos acreditam que ela levou de dez a vinte anos para ser construída, pelo esforço de milhares de construtores, trabalhadores contratados, como revelam os fragmentos de papiro descobertos no antigo porto de Wadi al-Jarf, no Mar Vermelho. Esses papiros faziam parte do diário de um funcionário envolvido na construção da Grande Pirâmide, chamado Merer, tais documentos, nos revelam três meses do cotidiano deste egípcio, assim como, um pouco do processo de construção da própria pirâmide.
Por vários anos a Grande Pirâmide abrigou a múmia e o enxoval funerário com as riquezas do faraó, contudo, ao longo do tempo, ela foi vítima de saque por parte de estrangeiros e dos próprios egípcios. A múmia, assim como o tesouro de Quéops foram roubados. O que restou dentro da pirâmide foi apenas um dos sarcófagos do faraó e uma pequena estatueta sua, atualmente exposta no Museu do Cairo. Em seu interior, além de várias passagens, há três compartimentos, a Câmara do Rei, a Câmara da Rainha e a Grande Galeria com 47m de comprimento e 8m de altura. Contudo, descobertas recentes, desenvolvidas pelo projeto ScanPyramids, que utilizou uma tecnologia de raios cósmicos para scanear o interior da construção, encontrou um espaço vazio de aproximadamente 47 metros de diâmetro um pouco acima da Grande Galeria. Agora, a equipe de cientistas quer desenvolver um robô para adentrar neste espaço, pois ainda não se sabe qual a função dele e nem se há algo lá dentro, apenas especulações. Milhares de anos depois, além de ser um dos pontos turísticos mais visitados do mundo e considerada Patrimônio Mundial da Unesco e uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, a Grande Pirâmide de Gizé, desperta a curiosidade humana e traz à ciência novas revelações sobre o conhecimento dos antigos egípcios.
Por: Jéssica Franco – Estagiária do Museu Egípcio e Rosacruz
Referências:
www.seshat.com.br (cronologia)
www.leitoradoantiguo.org
MASPERO, G. Textos Sagrados das Pirâmides. Tradução: Raul Xavier. Editora Livros do Mundo Inteiro, Rio de Janeiro.
JOHNSON, Paul. Egito Antigo. Editora Ediouro, Rio de Janeiro, 2010.
SÁNCHEZ, José Luis. A História Cotidiana às Margens do Nilo. Tradução: Francisco Manhães, Marcelo Neves, Carlos Nougué e Michel Teixeira. Editora Time-Life Inc. Barcelona, 2007.