O Templo de Edfu

Por: Bruno Deniski – monitor do Museu Egípcio e Rosacruz

As civilizações antigas e suas culturas eram voltadas para a religião, e suas devoções eram colocadas à mostra quando realizavam as construções dos grandiosos templos e outros monumentos em dedicatoria aos seus deuses. Suas cidades eram construidas ao redor dos templos, lugar considerado divino, sendo assim as regiões afastadas dos templos eram consideradas profanas. Como dito, os egípcios antigos não viviam apenas de construções de grandiosos monumentos, eles partilhavam também uma religião complexa, compreendiam o mundo em que viviam por meio dos mitos e suas deidades, ou seja, para eles o espaço onde viviam é em si só religioso, onde os deuses eram fundamentais em todo o cotidiano e em todas as atividades, das mais simples até as mais elaboradas como o reinado do faraó.

Ocorria uma relação ampla entre o monarca e os deuses, principalmente por dois motivos: o primeiro porque o rei era considerado um deus vivo na terra, e dentro dele habitava a alma do próprio deus Hórus e, o segundo dava legitimidade e poder ao faraó. Os templos foram tão importantes que serviram como um meio de legitimar a dinastia Ptolomaica (332 a 30 a.C), pois muitos templos começaram ou foram terminados neste periódo.

Templo de Edfu

Conhecido como templo de Hórus, deus protetor das famílias e dos faraós considerado também como o senhor dos ventos. Encontra-se localizado na margem oeste do Rio Nilo, foi edificado com pedras arenosas e em todas as dimensões das paredes do templo haviam diversas cenas gravadas, sendo algumas dessas  responsaveis por contar o mito da contenda entre Hórus e seu tio Seth.

Tanto no lado direito quanto no esquerdo das paredes internas do templo há representações da procissão divina de Hórus e Hathor, conhecida também como “união divina”, e no fim desta mesma sala encontram-se mais duas estátuas do deus falcão protegendo um portal de uma colunata (sequência de colunas). As gravuras nas paredes do pátio apresentam diferentes cenas, algumas com o faraó rezando, e outras realizando oferendas, local conhecido como “pátio das oferendas”.

Ao lado direito da colunata encontra-se um quarto pequeno chamado de biblioteca onde, possivelmente, os egípcios guardavam rolos de papiros “científicos e administrativos”. Suas paredes são adornadas de imagens iconográficas que representam o chamado “ritual de fundação do templo” onde demonstram o faraó Ptolomeu III dedicando o Templo ao deus Hórus. No final do templo a sala chamada de “Sanctum Sanctorion” é um local com pouquíssima iluminação, e que apenas os sacerdotes poderiam adentrar. Neste espaço era depositado o tabernáculo (parecido com uma capela) onde era posta a estatua de Hórus.

Os templos egípcios são importantes e fundamentais para a compreensão entre o espaço sagrado e o profano, como do mesmo modo para entender a sua relevância para a legitimidade do poder faraônico, isso ocorreu no período ptolomaico, momento no qual há construção e a reforma de diversos templos. Eles podem ser reconhecidos como um meio de demonstração da devoção dos egípcios para com os seus deuses. Desse modo, ao entender os processos de construção e decoração dos templos também compreende-se os acontecimentos históricos e as crenças do povo egípcio.

Referências bibliográficas:

CÂMARA. Matheus Breno Pinto da. ESPAÇO SAGRADO E ESPAÇO DOMÉSTICO: UM ESTUDO SOBRE OS TEMPLOS E AS CASAS NO ANTIGO EGITO. Alétheia Revista de Estudos sobre Antiguidade e Medievo – volume 9, n. 1. UFRN, 2014.

GRALHA, J. Egito Ptolomaico: Arquitetura Sagrada e as relações de Poder. Hélade, v. 1, n. 1, 2015, p. 67-82.

PIRES. Guilherme Borges. O Templo de Hórus de Edfu: As narrativas do sagrado. Universidade Nova de Lisboa, 2013-2014.

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