Katlyn Rodrigues – Monitora
do Museu Egípcio e Rosacruz Tutankhamon
As pirâmides fascinam pessoas de todas as idades
há milênios. Ao longo dos últimos séculos, diversos pesquisadores têm se
voltado para entender mais sobre quem foram os responsáveis pelas construções
excepcionais que até hoje nos deixam admirados.
Dessa forma, quando se trata de tais obras,
deve-se destacar o primeiro homem a atingir tal feito, seu nome é
Djoser-Netjerikhet, o rei que governou o Egito durante a terceira dinastia, no Reino
Antigo, por volta de 2650 a.C. Esse governante deu início a era das construções
em larga escala, através de sua pirâmide de degraus, em Saqqara.
Muito pouco se sabe sobre a juventude ou vida
familiar de Djoser. Seu nome Netjerikhet significa “divino do
corpo” e “Djoser” é derivado do símbolo Djed, que representa
estabilidade. Ele sucedeu seu pai, Khasekhemui, o quinto e último faraó da segunda
dinastia, e sua mãe era a rainha Nimaathap. Além disso, a grande esposa real
foi Hetephernebti, que provavelmente era sua meia-irmã, sendo a única esposa
conhecida de Djoser.
Sua única filha conhecida pelo nome é Inetkawes.
Existiu também uma terceira mulher real constatada durante o reinado de Djoser,
mas seu nome foi destruído. Por conseguinte, a relação entre Djoser e seu
sucessor, Sekhemkhet, não é conhecida, e a data de sua morte é incerta.
De acordo com Manethon, historiador, sacerdote
egípcio e autor da obra Aegyptiaca,
Djoser teria governado o Egito por aproximadamente 29 anos. Entretanto, a Lista
de Reis de Turim afirma que foram apenas 19 anos. Devido a seus vários
projetos, especialmente em Saqqara, alguns pesquisadores chegam a argumentar
que seu reinado pode ter atingido a marca de três décadas.
Assim que assumiu o trono, ele passou a ordenar
as construções de seus monumentos. Desse modo, houve um grande crescimento
arquitetônico durante seu reinado, sua pirâmide é um exemplo disso, assim como
as ornamentações e símbolos que tiveram maior aderência.
A estabilidade do Egito durante seu governo, se
deu através da proteção de suas fronteiras e da extensão delas, onde ele teve
sucesso em expandi-las até a região do Sinai por meio de suas expedições
militares. Similarmente, após derrotar os líbios, conseguiu anexar partes de
suas terras.
Sua pirâmide, por sua vez, foi construída sob a
supervisão de seu vizir, Imhotep. Ela foi originalmente construída em formato
de mastaba, porém, depois foram acrescentadas mais cinco mastabas empilhadas
uma sobre as outras, da maior para a menor, sendo seu material de calcário. Seu
complexo funerário foi o primeiro projeto arquitetônico a ser construído
inteiramente em pedra.
Além de sua pirâmide, Djoser se tornou lendário
devido a reconstrução do templo do deus Khnum, ato esse que ficou conhecido por
ter acabado com a fome que surgiu no Egito durante seu reinado e que teria durado
sete anos. Desse modo, conta-se que o faraó teve um sonho com Khnum, deus da
fonte do rio Nilo, onde este se queixava que seu templo na ilha Elefantina se
encontrava em ruínas, o que levou as pessoas a perderem o respeito e devoção a
ele.
Após isso, Djoser navegou até a ilha de seu
sonho para prestar homenagens ao deus e ver o estado em que se encontrava o
templo. O faraó se deparou com o local em péssimas condições, assim como seu
sonho havia revelado. Dessa forma, ele decidiu construir um novo em seu lugar.
Quando a obra foi concluída, a fome teve fim e o povo aclamou Djoser como seu
herói.
O templo construído ainda pode ser observado atualmente,
por mais que tenha passado por reformas em dinastias posteriores. Esse ato
ficou marcado na Estela da Fome, uma inscrição da dinastia ptolomaica (332-30
a.C), muito tempo após o reinado de Djoser, o que demonstra a honra e o respeito
que ele teria por parte de seu povo.
Referências:
BAINES, John; MALEK, Jaromir. Deuses, templos e faraós: Atlas cultural do Antigo Egito
(Tradução de Francisco Manhães, Maria Julia Braga, Michael Teixeira, Carlos
Nougué). Barcelona: Folio, 2008
BUNSON, Margaret. Enciclopédia do antigo Egito . Editora Infobase, 2014.
HAWASS, Zahi. A fragmentary monument of Djoser from Saqqara. The Journal of
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Discovery of the Sarcophagus of Djoser and the Restoration of the Step Pyramid.
Journal of the General Union of Arab Archaeologists, v. 6, n. 3, p. 83-107,
2021.
VERNER, Miroslav. The Pyramids: The Mystery, Culture, and Science of Egypt’s Great
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