EXPOSIÇÃO – Museu Egípcio e Rosacruz – realizada em 2015
Era muito importante para as famílias egípcias antigas terem filhos, pois eles, além de representarem a continuidade familiar, no momento propício, realizariam o culto funerário para seus pais. Desse modo, desde o momento em que a mãe descobria-se grávida, buscava junto aos deuses proteção para a sua gestação e para a saúde de seu filho. Assim como nós, as crianças egípcias brincavam e criaram diversos brinquedos revelados pelas escavações arqueológicas. Após a infância era necessário dedicar-se a um ofício, o que é possível conhecer através de diversos instrumentos de trabalho e cenas encontradas em tumbas egípcias.
A administração realizada pelos faraós, baseada na explicação religiosa da ordem criada pelos deuses, foi de extrema importância para que esta cultura perdurasse por mais de 3.000 anos. A religião era a referência que os antigos egípcios tinham para compreender o mundo, e que se refletiu em inúmeras práticas, como a realização do processo de mumificação.
A exposição “Nascer, Viver e Morrer no Egito Antigo” oferece um passeio por esses assuntos que ajudam a entender um pouco mais como era a vida na antiga terra dos faraós. A mostra está distribuída em cinco salas, incluindo a antecâmara e câmara funerária da múmia Tothmea. A seguir, damos algumas orientações para que você possa aproveitar melhor a sua visita!
Um dos períodos mais debatidos da história do Antigo Egito é sem dúvida o reinado do faraó Akhenaton (1353-1335 a.C.). Este monarca realizou a chamada Reforma de Amarna quando estabeleceu o culto único ao deus Aton e mudou o centro administrativo do Egito, de Tebas para Akhetaton, a atual Tell el-Amarna. Esta reforma não se restringiu apenas à religião, mas também ao campo político, artístico e cultural que é possível visualizar nos objetos expostos neste ambiente.
Descubra na exposição:
* O faraó Amenhotep IV governou o Egito durante os seus primeiros cinco anos de mandato da cidade de Tebas, de onde provém esta estátua. Aqui ele aparece representado semelhante aos faraós que o antecederam, ou seja, utiliza os símbolos de poder comuns como o cetro, o mangal e a coroa unificada. Sua representação mudaria após o quinto ano de seu reinado, quando realizou mudanças religiosas e mudou seu nome para Akhenaton (aquele que é útil ao Disco Solar).
Como o mito nos conta sobre a origem da deusa Maat?
Como ordenação cósmica, para o egípcio antigo, não havia como compreender o funcionamento de seu mundo sem a existência da deusa. Além disso, para assegurar que a ordem que foi estabelecida no momento da criação não deixasse de existir, era fundamental a existência e a função do rei como intermediário entre as divindades e os homens. E esse é o tema desse ambiente que apresenta quem era a deusa, o mito associado a ela e a função do rei como mantenedor de Maat.
Descubra na exposição:
Os brinquedos como piões, bolas e pequenas esculturas em madeira faziam parte das brincadeiras das crianças egípcias. Destaque para os dois discos encontrados em uma tumba da I Dinastia e que funcionam de um modo semelhante ao pião.
* A medicina no Egito Antigo estava intimamente relacionada à religião, o que podemos perceber nos frascos medicinais com a imagem do deus Bes. Dentro destes frascos era guardado medicamento que teria a sua propriedade assegurada pela divindade ali representada.
* Grande parte da população egípcia atuava cultivando os campos inundados às margens do rio Nilo. Para que pudessem preparar o terreno para o plantio utilizavam uma Enxada como esta presente na exposição. Observe que eram confeccionadas em madeira e com um cabo curto, pois eram usadas, principalmente, para quebrar os “torrões de terra” que haviam se formado após o período de cheia do rio.
* Grande parte do que conhecemos hoje sobre o Egito Antigo provém dos trabalhos dos artesãos. A pequena Caixa de ferramentas para marcenaria mostra alguns dos instrumentos utilizados por esses trabalhadores. Embora pequenos estes foram confeccionados como enxoval funerário e não para uso diário do trabalhador.
Ao longo de trinta e uma dinastias, diversos faraós governaram o Egito Antigo. Administravam o território como representantes dos deuses. Nesta sala é possível conhecer alguns desses monarcas, e a maneira como eram apresentados na arte egípcia.
Descubra na exposição:
* A unificação do Egito ocorreu cerca de 3100 a.C. por um monarca do sul chamado Narmer. Podemos conhecer sobre este fato histórico observando a Paleta do Rei Narmer, que possui dois lados apresentando-o conquistando o Baixo Egito. A vitória deste rei marcou a unificação e simboliza o início do período dinástico do Egito Antigo.
* O período faraônico encerrou-se com a rainha Cleópatra VII, pois com sua morte o Egito tornou-se província do Império Romano. Observe que esta escultura da rainha possui grande influência da arte grega, pois a dinastia da qual fazia parte, a Ptolomaica, era de origem Greco-macedônica. Os “Ptolomeus”, dos quais Cleópatra era herdeira, assumiram a administração do Egito após a morte do conquistador Alexandre, o Grande, em 304 a.C.
Não há maneira de compreender os antigos egípcios sem conhecer o seu pensamento religioso. As diversas divindades traduzem a concepção de mundo da antiga terra dos faraós, e é por isso que esta sala se dedica a este tema. A religiosidade explicava a vida e a morte, esta última traduzida na concepção de vida além-túmulo que motivou o desenvolvimento do processo de mumificação.
Descubra na exposição:
* O deus Hapi personificava a inundação anual do rio Nilo. Geralmente apresentado como um homem com a coloração verde, possui sobre a cabeça uma coroa de papiros, e segura uma bandeja com produtos que seriam derivados da fertilidade proporcionada pelo deus.
* A máscara funerária de carneiro presente na exposição pertenceu a uma múmia dedicada ao deus Khnum – o oleiro divino. Muitos animais eram mumificados e dedicados às divindades. No templo de Khnum, na ilha de Elefantina, foram encontradas várias múmias de carneiro, onde esta máscara foi descoberta.
* No processo de mumificação, uma das etapas compreendia a retirada do cérebro. Nesta sala você encontra o instrumento para retirada do cérebro, um gancho em bronze, utilizado para extrair através das narinas o cérebro do crânio. Há também a chávena, uma espécie de “xícara” com dois furos que eram postos nas narinas do falecido para introduzir vinho de palmeira na cavidade craniana e limpar qualquer resíduo de cérebro.
* Os invólucros utilizados no processo de mumificação variaram no transcorrer da história egípcia. Durante o período Ptolomaico (305-30 a.C), época de que data a múmia Ankh-Hapy, era costume recobrir o corpo mumificado com bandagens de linho embebidas em gesso, técnica conhecida com cartonagem. O rosto é coberto com uma máscara funerária que retrata o falecido em aspecto de vida. Ao longo do corpo há imagens de deuses relacionados à crença na vida além-túmulo.
Inspiradas nas tumbas egípcias do Reino Novo, a antecâmara e a câmara funerária do Museu Egípcio e Rosacruz guardam a múmia Tothmea, uma dama de aproximadamente 2.700 anos. Estes ambientes estão decorados com cenas cotidianas e religiosas relacionadas à crença egípcia de vida além-túmulo.