Os elementos arquitetônicos têm um simbolismo único. Cada construção revela aspectos extraordinários que foram construídos para durar pela eternidade. Essa é a nova temática trabalhada na XVI Exposição de Longa Duração do Museu Egípcio e Rosacruz. Cerca de 150 itens compõem a mostra “Akhet: o horizonte dos deuses” que poderá ser vista de outubro de 2018 até setembro de 2020. De acordo com a supervisora cultural da Ordem Rosacruz, AMORC, em Curitiba, Vivian Tedardi, esse tema é atrativo e gera curiosidade nas pessoas. “Montamos essa exposição devido ao interesse do público em relação às construções do Egito Antigo e, principalmente, em relação às pirâmides de Gizé”, conta Vivian destacando que recentemente, na área externa do museu, uma equipe esteve envolvida com o restauro do Portal de Akhenaton (2016) e do Memorial Rosacruz (2018) onde pinturas, escritas e elementos arquitetônicos foram estudados e implementados. Nesse sentido, surgiu a ideia de correlacionar o elemento arquitetônico com a nova exposição.
Para os egípcios antigos era essencial representar suas divindades. Neste ambiente o visitante será apresentado à Maat a partir do modo como ao longo do tempo os egípcios foram representando a deusa. Além disso, encontrará um conjunto de telas, elaboradas pelo artista plástico Eduardo D’Ávila Vilela, com cenas do Egito que evidenciam a importância de Maat como princípio em várias esferas da vida.
Como o mito nos conta sobre a origem da deusa Maat?
Como ordenação cósmica, para o egípcio antigo, não havia como compreender o funcionamento de seu mundo sem a existência da deusa. Além disso, para assegurar que a ordem que foi estabelecida no momento da criação não deixasse de existir, era fundamental a existência e a função do rei como intermediário entre as divindades e os homens. E esse é o tema desse ambiente que apresenta quem era a deusa, o mito associado a ela e a função do rei como mantenedor de Maat.
O modo como os egípcios observavam a natureza e, principalmente, seu funcionamento era reflexo da ordenação cósmica, ou seja, era Maat agindo. A vida foi organizada através dos ciclos naturais mostrando uma interdependência entre a organização social e o meio ambiente. Maat era também a justiça e os princípios morais que regiam a estrutura social egípcia. Assim, neste ambiente o visitante conhecerá como através dos artefatos egípcios é possível refletir sobre essas questões.
Maat precisava ser mantida diariamente, pois o caos, Isfet, estava sempre à espreita. O caos era tudo o que iria contra a ordem estabelecida pelos deuses, como a invasão de povos estrangeiros, doenças, crises políticas… Além disso, o conceito associado a deusa também estava presente na concepção de vida além-túmulo. Uma das relações é a de que ela se fazia presente na viagem para o outro-mundo, o que é atestado no Livro dos Portões e no Livro para sair à luz do dia, ou seja, o Livro dos Mortos.
Em Tebas, a capital do Egito Antigo, durante o Reino Novo, as tumbas foram escavadas nas rochas dos vales montanhosos, a oeste do rio Nilo. Essas tumbas geralmente possuíam três partes: um pátio, a capela para o culto funerário e a câmara funerária subterrânea, na qual a múmia era encerrada. Todo o complexo era chamado de “Casa da Eternidade”, pois seria a morada permanente para o indivíduo e sua família após a morte.
A capela mortuária, em especial, era o local onde os familiares deveriam realizar o culto funerário para o proprietário da tumba. Por isso era decorada e revelava a crença e a atitude dos egípcios em relação à morte. Suas imagens demonstram o status e o prestígio de seu proprietário. Muitas vezes organizada em dois ambientes, as cenas da primeira sala eram associadas ao mundo dos vivos, ao passo que as cenas da sala interna eram relativas à vida além-túmulo.
Muitas vezes, com o passar do tempo, tumbas eram abandonadas e reutilizadas por gerações futuras. E é justamente o que representamos aqui no Museu Egípcio com a organização de uma capela funerária para a visita à múmia Tothmea, pois no período em que ela viveu não se construíam mais complexos funerários como este.
Assim, nós o convidamos a conhecer um pouco mais sobre a crença egípcia na vida além-túmulo ao visitar a “Casa da Eternidade da múmia Tothmea”.