Um Lugar para os justos: concepção de vida além-túmulo dos Antigos Egípcios

 

Por Shara Lorena Gritten Mello

No Egito Antigo sempre houve uma preocupação com a vida além-túmulo, muitas concepções foram construídas ao longo de três mil anos de história. Na crença egípcia acreditava-se que o ser humano era dividido em partes físicas e não físicas, no momento da morte elas se separavam e voltariam a se reunir no outro mundo. As partes físicas eram: O corpo físico (Ket), a sombra (Shut), o nome (Ren) e o coração (Ib).As partes não físicas: A força vital (Ka), princípio da mobilidade (Ba) e o princípio da imortalidade (Akh).

Uma dasconcepções de vida após a morte bastante presente no contexto funerário dos faraós dizia que após a morte,o defunto se juntaria ao deus Rá em sua barca, ajudando-o a vencer a serpente Apep a qual enfrentaria todas as noites. Com a vitória, o sol poderia renascer em um novo dia.

Com as dinastias do Reino Médio (2050-1750 a.C.) as práticas funerárias se popularizaram e a mumificação tornou-se acessível a todas as pessoas. A concepção mais aceita pelos antigos egípcios, a partir desse momento, foi a de uma vida eterna no Paraíso Agrário do deus Osíris, que foi um deus cultuado desde as primeiras dinastias do Egito Antigo, primeiramente foi adotado como deus da vegetação. Sua missão na terra, juntamente com sua esposa e irmã, a deusa Isis, era ensinar a agricultura, as leis, as confecções de objetos e a religião para os egípcios.

Osíris se tornou um deus adorado por todo o Egito, seu irmão Seth era muito invejoso e queria tomar o seu trono. Seth elaborou um plano, mandando construir uma arca com as medidas exatas de seu irmão. Em uma festa, Seth ofereceu a arca como presente para quem pudesse entrar nela. Vários deuses tentaram e nenhum se encaixou. Quando Osíris entrou na arca coube perfeitamente, então Seth prendeu-o lacrando a arca com chumbo. Logo após, o deus é lançando ao rio Nilo, morrendo afogado. Isis utilizando-se de magia recupera o corpo de seu marido e retorna para o Egito, com medo ela o esconde, porém Seth encontra-o. Tomado pelo ódio, Seth corta o corpo do irmão em 14 partes e as espalha pelo Egito. Isis recupera essas partes com a ajuda de outros deuses, como Anúbis. Eles então mumificam Osíris que renasce tornando-se juiz da Sala das Duas Verdades.

A morte não era o fim para os antigos egípcios.O maior medo era se tornar um morto para sempre. Isso aconteceria quando o egípcio não era justo em vida e infringisse uma das 42 regras de Maat. Para assegurar que o defunto se juntaria a Osíris, ele deveria passar por um julgamento que aconteceria na Sala das Duas Verdades. O morto seria guiado pelo deus Anúbis, que através da magia, o coração (Ib) seria retirado para a pesagem. O coração era uma das partes mais importantes para o egípcio, pois era a consciência. De um lado da balança seria depositado o coração e do outro estaria a pena de Maat (símbolo da verdade e da justiça). A sentença era dada e os resultados eram anotados pelo deus Toth. Se fosse positivo, o morto se juntaria ao deus Osíris e viveria eternamente nos campos de Aaru (Paraíso Agrário). Se negativo, o coração do defunto seria devorado pela deusa Âmit, divindade com corpo de leão, pernas de hipopótamo e cabeça de crocodilo. Assim, o morto desapareceria, pois para os egípcios eram necessária todas as partes para renascer no outro mundo. Por esse motivo, muitos amuletos e fórmulas mágicas foram produzidos para assegurar que o coração não se virasse contra seu dono, garantindo a boa passagem do morto para o além.

Amuleto do Coração – Museu Metropolitano de Arte – Dinastia 18–19 (ca. 1550–1186 b.c.)

Escaravelho do coração – Museu Britanico – Dinastia 17 – Rei Sobekemsaf

Estatua de bronze Osíris – Museu Louvre

Papiro Hunefer – Museu Brtitânico – Exemplar do livro dos mortos – julgamento tribunal de Osíris

Isis com seu filho Hórus – Estatua Museu do Louvre

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